Daniel Schneider
Seríamos ricos e detestados. Assim como os EUA (e, antes deles, os impérios Romano e Britânico), um Brasil hegemônico seria alvo do ódio e da inveja do resto do mundo. Merecidos, diga-se. “Política de potência é política de potência. Com o Brasil não seria diferente”, diz o cientista político Bruno Reis, da UFMG. O tão propalado espírito cordial do brasileiro seria uma das primeiras coisas a dançar: para ser potência econômica e política, é necessário também ser potência militar. Na posse de dinheiro, armas e influência, o Brasil seria um imperialista implacável. Ditaria as regras do mercado internacional de acordo com os próprios interesses, sem se importar se isso poderia afundar economias mais frágeis.
No campo da política internacional, há quem pense que seríamos um líder ponderado. “O Brasil tem uma tradição pluralista, de respeito e aceitação à diversidade cultural e religiosa”, diz o economista Frederico Gonzaga, também da UFMG. Na opinião dele, a potência brasileira tenderia a seguir sua vocação diplomática e respeitar a maior parte das resoluções da ONU, diferentemente do que fazem hoje os EUA. Seguindo esse raciocícinio, não invadiríamos o Iraque nem meteríamos a colher no conflito entre árabes e judeus no Oriente Médio. A pax brasiliana poderia baixar um pouco a onda dos terroristas, mas é ingênuo imaginar que eles nos deixariam sossegados. Afinal, sempre há uns nervosinhos querendo explodir o sistema…
Um líder mundial não deixaria intocado um território do tamanho da Amazônia. “Embora mais devastada, a floresta seria mais explorada cientificamente”, diz o historiador econômico Pedro Paulo Bastos, da Unicamp. Isso poderia significar investimento pesado em pesquisa de medicamentos contra doenças tropicais como a dengue, a malária e a doença de Chagas. Coisas comuns no Brasil e que não interessam a quem manda no planeta por ora.
Caipiroska
Da Casa Rosada de Buenos Aires à praça Vermelha de Moscou,o verde-amarelo estaria presente nos 4 cantos do planeta.
Imperialismo verde-amarelo
Com a busca incessante por combustíveis e matérias-primas, o Brasil talvez abusasse da supremacia e poderia até invadir vizinhos como Venezuela (pelo petróleo), Bolívia (pelo gás natural) ou Peru (para escoar a produção da Amazônia por portos no Pacífico).
Belíssima
A estética das novelas marcaria várias produções televisivas mundo afora. Nossos programas seriam mais exportados do que nunca. Samba e outros gêneros brasileiros também teriam grande espaço no cenário musical internacional.
Eu falar português!
O português seria a língua franca do planeta, sendo utilizado no mundo todo e influenciando os idiomas locais. Pessoas de todos os países teriam interesse em aprender nossa língua, seja para estudar, trabalhar ou negociar com as nossas empresas.
MNL!%*$@¨, Brasil!
A reação ao imperialismo viria de várias formas, desde manifestações hostis das massas populares até atitudes provocativas de chefes de Estado que não concordassem com os abusos da potência pelo mundo. Pichações e cartazes com frases provocativas seriam freqüentes.
Beckham no Flamengo
Nossos craques teriam mais benefícios se permanecessem no país do que se jogassem na Europa. Com eles aqui, e mais dinheiro no caixa dos clubes, a Liga Brasileira de Futebol seria um espetáculo internacional de grande magnitude, atraindo os melhores jogadores do mundo.