PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

E se Hitler tivesse vencido a Segunda Guerra?

A rendição dos aliados não serviria de nada. Os nazistas seguiriam expandindo seu império. E uma hora chegariam à América Latina.

Por Denis Russo Burgierman
Atualizado em 28 set 2018, 13h52 - Publicado em 28 set 2018, 13h47

Hoje pode não parecer, mas os alemães estiveram bem perto de ganhar a guerra. Tanto que algumas pessoas, como o historiador inglês Stephen Ambrose, atribuem a derrota dos nazistas a um detalhe quase insignificante: o acerto de um meteorologista escocês. Ele chamava-se J. M. Stagg e fazia a previsão do tempo para as tropas aliadas. No dia 5 de junho de 1944, apesar da tempestade que castigava a costa francesa, Stagg garantiu que o céu acabaria abrindo mais tarde.

Foi um chute, já que o clima naquela região é tão instável que até hoje as previsões, mesmo com dados de satélite, têm 50% de margem de erro. Se a previsão de Stagg estivesse errada, os soldados que desembarcariam na França na manhã seguinte – o fatídico Dia D – chegariam à praia encharcados, enjoados, sem boas condições de lutar. E também não haveria visibilidade para soltar paraquedistas ou bombas. E a operação para libertar a França teria sido um fiasco. Só que Stagg acertou em cheio. Os aliados chegaram com tudo na Normandia, e começaram a virar a Segunda Guerra.

Para o historiador militar inglês John Keegan, Hitler teve sua melhor chance de vencer três anos antes, em 1941. Nessa época, quase toda a Europa estava em suas mãos ou na de seus cúmplices italianos e simpatizantes espanhóis. Animado com o sucesso, o ditador resolveu enfrentar a Rússia. Acabou derrotado pelo inverno. Keegan argumenta que Hitler poderia ter optado por uma invasão indireta.

Ele conquistaria facilmente a Turquia, e de lá estenderia seus tentáculos pelo Oriente Médio. Com isso, garantiria um gigantesco suprimento de petróleo para abastecer seus tanques e aquecer suas tropas. Depois, tomaria o sul da União Soviética, onde o inverno não é tão cruel. Desse jeito, deixaria Stálin sem suas principais reservas petrolíferas.

“Daí para a frente, seria fácil conquistar a Rússia e depois a Índia, então colônia inglesa”, diz Keegan. Enquanto isso, seus aliados japoneses ocupariam a China, ligando o Japão à Alemanha. E não pararia por aí. “A Inglaterra é pouco populosa e pobre em recursos naturais”, afirma Keegan. Sem suas colônias, viraria presa fácil. Na época, boa parte da África era colônia de países europeus e acabaria também nas mãos do Führer. Antes mesmo de 1950, o império nazista já teria se estendido por Europa, Ásia e África – mais do que os impérios romano e mongol somados.

Continua após a publicidade

“Seria um mundo de duas classes”, diz Christian Lohbauer, especialista em História Alemã da Universidade de São Paulo. Os arianos, considerados superiores, mandariam. Eslavos, negros e asiáticos virariam cidadãos de segunda classe. Outros povos, como os judeus e os ciganos, seriam exterminados.

É bem possível que nem assim o Estado nazista sossegasse. “Eles dependiam da guerra”, diz Lohbauer. “As empresas alemãs cresceram fornecendo equipamento para o exército, e precisavam da mão de obra escrava dos prisioneiros.” Ou seja: continuariam invadindo país após país para manter esse esquema. Iriam para o Pacífico e de lá para a Oceania. “Podemos ter um século de luta à nossa frente”, disse Hitler certa vez. “Melhor isso do que ir dormir.” O Führer não iria parar.

Até que, fatalmente, esbarraria nos interesses de outra superpotência: os Estados Unidos. E eles iriam reagir. “Não permitiríamos que eles se apoderassem da América Latina”, afirma o americano Robert Cowley, editor da revista Military History Quarterly, especializada em ­História Militar. Neste cenário, a Guerra Fria teria ocorrido entre Alemanha e EUA. “Mas o mais provável seria uma guerra quente mesmo”, diz Keegan. E o palco seria a América Latina. Quem venceria? “O império nazista baseava-se numa única figura carismática. Uma hora Hitler iria morrer. Quem o substituiria?”, pergunta Cowley.

Depois da morte do ditador, os oprimidos iriam se rebelar, e o império se despedaçaria aos poucos. Os EUA levariam a melhor sobre os alemães. Mas o mundo estaria devastado por décadas de guerra. A maior parte da população mundial teria um padrão de vida bem mais baixo do que hoje, e a ciência e a tecnologia seriam mais primitivas. Os EUA dificilmente iriam decidir transformar sua principal rede de computadores, a Arpanet, numa rede aberta a qualquer pessoa. E a internet como a conhecemos não teria nascido. Ou seja: talvez esta tela para a qual você está olhando agora não existisse.

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.