Essencial, meu caro
Poucos personagens de ficção possuem tamanha bibliografia e apareceram tanto em teatro, filmes e TV.
Celso Miranda
“Você ainda não conhece Sherlock Holmes – disse. – Talvez não gostasse dele como companheiro permanente.”
“– Por quê? O que há contra ele?”
“– Bem, eu não disse que há algo que o desabone. Ele tem idéias um tanto estranhas e é apaixonado por alguns ramos da ciência. Mas, pelo que sei, é uma pessoa correta.”
Apresentado ao Dr. Watson, logo nas primeiras páginas de Um Estudo em Vermelho, de 1887, o homem que estava procurando alguém para dividir o aluguel de um apartamento, na Baker Street da Londres do final do século 19, iria se transformar num marco da literatura. Poucos personagens de ficção possuem tamanha bibliografia e apareceram tanto em teatro, filmes e TV.
A Obra Completa (Ediouro) – oito livros em três volumes – revela alguns mitos a respeito de Sherlock. Um deles é a frase “Elementar, meu caro Watson”, que aparece apenas uma vez. Quem conhece o detetive de outras edições pode se surpreender com passagens amenizadas anteriormente: a defesa da cocaína e declarações que hoje soam a racismo.
O único defeito é a economia de espaço: os textos foram espremidos entre margens estreitas e há poucas notas de tradução (citações de Goethe em alemão, por exemplo, não receberam versão).