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Fóssil de 140 mil anos revela o mais antigo cruzamento entre Homo sapiens e neandertais

Mistura de traços presente em crânio de criança de 5 anos sugere que os dois grupos mantiveram relações biológicas e sociais prolongadas.

Por Luiza Lopes
Atualizado em 1 set 2025, 11h55 - Publicado em 28 ago 2025, 10h00

Um estudo internacional liderado por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv e do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica trouxe novas evidências sobre a relação entre Homo sapiens e neandertais.

Publicado na revista L’Anthropologie, o trabalho se baseia em um fóssil humano de 140 mil anos pertencente a uma criança de cerca de cinco anos, encontrado na Caverna Skhul, no Monte Carmelo, em Israel.

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Trata-se do registro mais antigo do mundo que apresenta traços combinados de Homo sapiens e neandertais. Segundo o professor Israel Hershkovitz, da Faculdade Gray de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade de Tel Aviv, “estudos da última década mostraram que esses dois grupos trocaram genes”.

“Mesmo hoje, 40 mil anos após o desaparecimento dos últimos neandertais, de 2% a 6% do nosso genoma é de origem neandertal. Essas trocas genéticas ocorreram muito mais tarde, entre 60 mil e 40 mil anos atrás. Aqui, estamos lidando com um fóssil humano de 140 mil anos”, afirmou em comunicado.

O exame detalhado do fóssil revelou características típicas de humanos modernos – como o formato arredondado da cabeça – e outras mais próximas dos neandertais – como a mandíbula, a estrutura interna do ouvido e os vasos sanguíneos dentro do crânio.

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Fotografia do Maxilar inferior da criança Skhul I.
Fotografia do maxilar inferior da criança da Caverna Skhul. (Universidade de Tel Aviv/TAUVOD via Youtube/Reprodução)

Essa mistura de traços, chamada pelos pesquisadores de “morfologia mosaica”, sugere que os dois grupos mantiveram relações biológicas e sociais prolongadas, e que o cruzamento não foi um evento isolado.

Para chegar a essas conclusões, os cientistas usaram tecnologia de microtomografia computadorizada, criando modelos tridimensionais precisos do crânio e da mandíbula.

Isso permitiu analisar estruturas anatômicas invisíveis a olho nu, como o ouvido interno, e reconstruir a rede de vasos sanguíneos intracranianos. Os modelos foram comparados com outras populações de hominídeos.

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Linha do tempo

Durante décadas, os pesquisadores acreditaram que os neandertais só teriam chegado à região de Israel há cerca de 70 mil anos, vindos da Europa. Essa hipótese se baseava na ideia de que o avanço das geleiras – períodos em que grandes extensões de gelo cobriam parte do continente europeu – teriam forçado esses grupos a buscar regiões mais ao sul, com clima mais ameno.

Estudos anteriores liderados por Hershkovitz, publicados na revista Science em 2021, mostraram que os primeiros neandertais já habitavam a área há 140 mil a 120 mil anos atrás.

Esses grupos, chamados de “Nesher Ramla Homo” em referência ao sítio arqueológico próximo à fábrica de Nesher Ramla, encontraram os primeiros Homo sapiens, que começaram a sair da África há cerca de 200 mil anos.

O fóssil da Caverna Skhul indica que o cruzamento ocorreu muito antes do que se pensava. Enquanto a maioria dos pesquisadores acreditava que a interação entre Homo sapiens e neandertais aconteceu entre 60 mil e 40 mil anos atrás, os novos dados sugerem que essa convivência se estendeu por mais de 100 mil anos, envolvendo relações biológicas e possivelmente culturais amistosas.

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O estudo também corrobora uma outra percepção sobre o desaparecimento dos neandertais. Talvez, em vez de uma extinção causada pela competição com os humanos modernos, eles teriam sido gradualmente absorvidos por essas populações, transmitindo parte de seu patrimônio genético.

Além disso, a descoberta sugere que alguns fósseis das cavernas Skhul e Qafzeh, tradicionalmente atribuídos a grupos primitivos de humanos modernos, possam refletir essa infiltração genética de neandertais mais antigos.

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