Gay têm sotaque próprio?
O estudo aponta que as lésbicas anglófonas produzem menos o som frontal ¿u¿ do que mulheres héteros, e que as vogais faladas pelos homens gays são mais esticadas.
Texto de Tiago Cordeiro
Em tese, o fato de uma pessoa sentir atração pelo mesmo sexo não significa que ela fale com um sotaque diferente. Mas isso acontece em pelo menos metade dos casos, segundo uma pesquisa realizada com 103 pessoas, em 2004, pela Universidade Northwestern (EUA). O estudo aponta que as lésbicas anglófonas produzem menos o som frontal “u” do que mulheres héteros, e que as vogais faladas pelos homens gays são mais esticadas. Voluntários que participaram do teste não tiveram dificuldade em identificar diferentes orientações sexuais apenas pelo som da voz. “A fala dos homossexuais é diferente. Ela mistura características dos dois sexos. A das lésbicas é mais masculina, e a dos homens gays é mais feminina”, diz o psiquiatra heterossexual Michael Bailey, que participou da pesquisa.
Mas o adjetivo “polêmico” é pouco para definir as conclusões de Bailey baseadas nesses resultados. O antropólogo americano (e homossexual) Rudolf Gaudio fez o mesmo tipo de pesquisa. Os voluntários identificaram facilmente quem era gay e quem não era, mas Gaudio não conseguiu separar sinais vocais diferentes. “Com as pesquisas que temos hoje em mãos, não é possível afirmar nada de conclusivo”, ele diz. “Mas tendo a acreditar que não existe um sotaque gay. A identificação da comunidade acontece principalmente por causa do uso de gírias específicas e não pela forma de pronunciar as palavras.”