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Guerreiros do subterrâneo

Descoberto por acaso, o exército de terracota de Xi¿an representa um dos mais espetaculares achados arqueológicos de todos os tempos

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h20 - Publicado em 31 ago 2004, 22h00

Maurício Oliveira

Em 1974, camponeses chineses que escavavam um poço em busca de água na cidade de Xi·an (1 200 quilômetros a sudoeste de Pequim) toparam com uma das mais impressionantes descobertas arqueológicas da história: um conjunto de estátuas feitas de terracota (argila cozida), reproduzindo em tamanho natural os soldados do exército do imperador Qin Shi Huangdi, o unificador da China, que subjugou quatro outros territórios ao longo dos 36 anos em que esteve no poder, de 246 a.C. até a morte, em 210 a.C. Aos poucos, foi-se descortinando uma descoberta de dimensão quase inacreditável: nada menos que 7 000 estátuas de soldados e 200 de cavalos, enterradas a 4 metros de profundidade, em filas que reproduziam formações militares completas, com regimentos de infantaria, cavalaria e arqueiros. Presume-se que tenha sido uma estratégia para “driblar” a vontade dos deuses e poupar a vida dos soldados, já que a tradição determinava que o exército deveria ser enterrado junto com o imperador para continuar protegendo-o por toda a eternidade. Os guerreiros de terracota – com altura variando de 1,78 a 1,97 metro – estavam a 2 quilômetros da tumba de Qin Shi Huangdi. Pelo volume do trabalho, chegou-se à conclusão de que a produção das estátuas teria começado logo que o imperador ascendeu ao poder, aos 13 anos de idade, e se estendido por quase quatro décadas. Estima-se que cerca de 700 000 homens tenham sido mobilizados para fazer e enterrar o fabuloso exército de barro. Os soldados de terracota estão paramentados de acordo com a patente que representam. Além de terem sido reproduzidos em diferentes posições, cada um deles tem feições únicas – não há duas estátuas iguais. Cada soldado, cada cavalo apresenta detalhes que revelam sua singularidade, exatamente como na vida real. Calcula-se que as estátuas foram cozidas a uma temperatura de 950 a 1 050 graus centígrados. Seu estado de conservação, decorridos mais de 2 000 anos, atesta o alto nível tecnológico da cerâmica chinesa já naquela época.

O conjunto foi declarado Patrimônio Histórico da Humanidade pelas Nações Unidas. Cerca de 1 500 estátuas já foram retiradas da terra, limpas, recuperadas e estão em exposição no próprio local das escavações, transformado em museu, devidamente fechado e climatizado. O incrível é que, passados 30 anos desde a descoberta casual dos primeiros pedaços de estátuas, a maior parte do valioso acervo continua enterrada. A busca deve se estender por décadas. Antes de aumentar o ritmo das escavações, espera-se aperfeiçoar as atuais técnicas de preservação – algumas estátuas já desenterradas encontravam-se bem deterioradas.

O impacto da descoberta

Apesar de ser um tirano, por que o imperador Qin Shi Huangdi teria decidido poupar a vida de seus soldados de carne e osso? As escavações em Xi·an podem ajudar a responder a essa e outras perguntas, lançando luz sobre o passado de uma das civilizações mais antigas do mundo

Soldados pop

Exposição emSão Paulo atraiu 7 500 visitantes por dia

Em 2003, o Brasil teve a honra de receber a maior quantidade de soldados de terracota a deixar a China ao mesmo tempo – 11 soldados e dois cavalos fizeram parte da exposição Guerreiros de Xi’an e os Tesouros da Cidade Proibida, um estrondoso sucesso de público que contribuiu para a aproximação entre o Brasil e a China, o país mais populoso do mundo. Ao longo dos 109 dias em que permaneceu no pavilhão da Oca, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, a mostra foi visitada por quase 818 000 pessoas, uma média de 7 500 visitantes por dia. Nos dias de maior movimento, as filas se estendiam por centenas de metros e as pessoas esperavam até duas horas pela oportunidade de ver de perto as estátuas. Todo esse interesse pelos guerreiros de Xi’an tem seu preço: depois de terem sido conservadas sob a terra por 22 séculos, o contato com o ar e com as pessoas fez com que muitas das estátuas estejam sendo atacadas por fungos. Um grande laboratório farmacêutico multinacional foi contratado para desenvolver produtos específicos para manter a integridade dos guerreiros de Xi’an.

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