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Internet grátis vai acabar?

Quando uma operadora usa a rede da outra, paga a taxa de interconexão, que é cobrada por minuto.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h25 - Publicado em 28 fev 2003, 22h00

Lucas Tauil de Freitas

A conta da internet grátis no Brasil tem sido paga pelos usuários de telefonia fixa, mesmo os que não usam os provedores gratuitos ou não têm computador. Essa distorção acontece por conta das tarifas de interconexão – pagas por uma operadora à outra pelo uso de sua rede – e que todas elas repassam para a conta de seus usuários. Para entender o problema, acompanhe o caminho da ligação de Ana, que mora em São Paulo, para um provedor gratuito no Rio. Sua chamada é recebida pela Telefônica, que vai cobrar de Ana uma taxa com base no STFC (Serviço Telefônico Fixo Comutado), ou seja, um pulso a cada quatro minutos. Se ligar sempre em horário de tarifas reduzidas, Ana pagará, no final do mês, 3 reais por 38 minutos de conexão. Para localizar o provedor e completar a ligação de Ana, a Telefônica utiliza a rede da Telemar.

Quando uma operadora usa a rede da outra, paga a taxa de interconexão, que é cobrada por minuto. Pelo mesmo tempo que Ana acessou a rede, a Telefônica vai pagar mais de 50 reais à Telemar. É esse mico que as operadoras rateiam entre seus assinantes.

Mas esse modelo está com os dias contados. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) promete uma revolução no setor, que vai alterar a forma como 90% dos brasileiros acessam a rede. A idéia é instituir um sistema único de numeração para os provedores. Assim, de qualquer lugar do Brasil, será possível acessar a rede discando 07 seguido de um código de operadora e do número de cada provedor. As formas de cobrança ainda não estão definidas, mas sabe-se que o modelo atual – cujo custo é determinado pelo tempo de conexão – será mantido. Além dele, operadoras e provedores poderão estabelecer alternativas, por exemplo, um preço único independente do local ou do tempo de uso, tarifas de acordo com a distância e, até mesmo, manter o acesso gratuito.

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Porém, na prática, isso deve acontecer com uma freqüência cada vez menor. As novas regras da Anatel vão dificultar a vida dos provedores de acesso grátis e, claro, dos usuários desse serviço. Hoje, essas empresas negociam vantagens com as operadoras interessadas em capturar o grande número de ligações que os provedores atraem e faturar com a taxa de interconexão que outras operadoras têm de lhe pagar. Isso vai acabar. Para continuar oferecendo acesso livre, os provedores deverão tornar a operação viável baseada nas receitas publicitárias e no comércio eletrônico. Uma equação tida como impossível, atualmente. No mercado, estima-se que as assinaturas representam até 80% da receita dos provedores pagos. A tendência é que o acesso gratuito seja cada vez mais restrito e as empresas passem a cobrar por serviços adicionais.

Foi assim nos países que adotaram a tarifa fixa de conexão à internet, como a Inglaterra. Lá, pelo modelo implantado em 2001, a estatal British Telecom estabeleceu pacotes de tarifas únicas para todos os provedores e criou um código não-geográfico para o acesso e a diferenciação entre tráfego de dados e de voz. O número de internautas cresceu 35% e o tempo médio de utilização da rede aumentou 50%. Após o boom do acesso gratuito – entre 1999 e 2000, quando quase 500 empresas ofereciam o serviço e a maior delas chegou a ter dois milhões de cadastrados –, atualmente apenas 20 oferecem acesso grátis e três em cada quatro usuários pagam pelo serviço.

Na Argentina, o número único de conexão para provedores pagos convive com o acesso grátis por linhas telefônicas comuns. O modelo gratuito é vantajoso para quem se conecta até 30 minutos por dia. Acima disso, fica mais barato usar o acesso pago. Lá, 54% do público paga pela conexão. Nos Estados Unidos, dos 343 provedores gratuitos, nos anos 90, apenas 14 sobreviveram.

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