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Linus Pauling

Ao desvendar como os átomos se ligam uns aos outros, por meio de relações entre os elétrons, ele praticamente refundou a química

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h16 - Publicado em 8 mar 2013, 22h00

O químico americano Linus Pauling deu tantas contribuições importantes à ciência e à sociedade que é difícil eleger a maior delas. Se perguntássemos a ele mesmo, diria que foram seus trabalhos ligados à decifração da disposição dos elétrons ao redor do núcleo atômico. Convenhamos, boa escolha.

O mundo dos átomos é tão inacessível aos sentidos humanos que se torna muito tentador tentar imaginá-lo à semelhança de outros modelos macroscópicos que podemos observar. Assim, quando a estrutura atômica começou a ser desvendada, foi natural pensar nela como uma réplica em miniatura do Sistema Solar, com o núcleo na posição central e os elétrons girando ordenadamente ao seu redor.

Mas o mundo quântico, que envolve matéria e energia em suas menores escalas, não permite esse emparelhamento. As regras que valem para as menores partículas são contraintuitivas, em forte contraste com a lógica reconfortante da física clássica.

Para compreender a configuração do átomo – que por sua vez dita sua capacidade de se ligar a outros, formando moléculas -, seriam precisos uma alta dose de abstração e um conhecimento profundo da então nascente teoria quântica. Linus Pauling tinha as duas qualidades.

Filho de um farmacêutico do Oregon, nos Estados Unidos, sempre foi um leitor voraz. O pai chegou a enviar uma carta a um jornal local pedindo sugestões de leitura para o rapaz, que aos 9 já tinha lido A Origem das Espécies, de Darwin. Por essas, Pauling começou a despontar como estrela do mundo científico cedo, aos 26 anos, quando tornou-se professor de química teórica no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), em 1927.

Os cinco anos seguintes foram muito produtivos e geraram mais de 50 artigos relevantes, indo de estudos de cristais feitos com raios X a cálculos de mecânica quântica aplicada a átomos e moléculas. Os químicos começaram a entender o que levava certos átomos e se ligar a outros para formar moléculas, graças ao conceito de eletronegatividade, que Pauling introduziu em 1932.

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É o tipo da coisa que até hoje é ensinada nas escolas, assim como o clássico “diagrama de Pauling”, que permite prever com facilidade a distribuição eletrônica ao redor do núcleo de um átomo baseado apenas no número de prótons em seu interior. É difícil subestimar o impacto de seu trabalho para o estudo da química.

“Para todos os efeitos, seu livro The Nature of the Chemical Bond and the Structure of Molecules [A Natureza das Ligações Químicas e a Estrutura das Moléculas] lançou os fundamentos da química moderna – que, para os químicos do seu tempo, se tornara uma verdadeira Bíblia”, diz James Watson, biólogo codescobridor da estrutura do DNA.

DA QUÍMICA À BIOLOGIA

Amparado pelo prestígio de seu trabalho – que lhe valeu o Nobel em Química -, Pauling decidiu devotar seus estudos a uma nova direção, investigando moléculas biológicas. E de novo com impacto avassalador. Ele conseguiu prever, só com base na teoria, como os aminoácidos se uniam para formar as proteínas, numa estrutura batizada de alfa-hélice. “Não foi surpresa que ele tenha sido o autor dessa descoberta. Afinal, ele era uma superestrela da ciência”, conta Watson em seu livro DNA.

Pauling também deu o pontapé inicial para o estudo da genética molecular ao identificar, em 1949, que a anemia falciforme era uma doença que envolvia um defeito de fabricação em uma proteína – no caso, a hemoglobina. Hoje, esse trabalho é a referência pioneira sobre esforços para compreender como os genes podem causar doenças, uma vez que são eles que codificam as receitas das proteínas.

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Ciente do papel social dos cientistas, Pauling também se tornou um ativista durante a Guerra Fria. Por suas insistentes manifestações contra as armas atômicas, foi agraciado com um segundo Nobel – o da Paz -, em 1962. Assim, tornou-se o único a conquistar duas vezes a premiação sem dividi-la com ninguém. i

VIDA E MORTE DE UM QUÍMICO BRILHANTE

COM O PAI DA BOMBA
No Caltech, Pauling ficou grande amigo de Robert Oppenheimer, o pai da bomba atômica americana. Mas, quando convidado para participar do projeto, o químico recusou.

MUY AMIGO
A relação entre Oppenheimer e Pauling esfriou depois que a esposa do químico revelou que seu amigo físico fora à casa deles e a convidara para viajar com ele para o México.

VITAMINA C
Pauling se tornou um grande defensor das propriedades medicinais da vitamina C. Conduziu inclusive experimentos para tentar provar sua eficácia contra o câncer.

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O ÚLTIMO SUSPIRO
A despeito de seu entusiasmo pela vitamina C contra o câncer, foi um tumor de próstata que deu fim à vida de Pauling, em 19 de agosto de 1994. Ele tinha 93 anos.

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