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Memória: o 11 de setembro

Os atentados de 18 anos atrás foram um dos crimes mais complexos e bem planejados de todos os tempos.

Por Tarso Araujo
Atualizado em 11 set 2023, 11h41 - Publicado em 11 set 2019, 16h12

Todo mundo que se entendia por gente em 2001 lembra onde estava e o que fazia naquela manhã de terça-feira, quando os Estados Unidos sofreram um ataque terrorista no coração de Nova York. Era difícil trabalhar ou estudar com o país mais poderoso do mundo sendo atacado com transmissão ao vivo na TV.

O roteiro do horror só ficou claro depois: aviões de carreira sequestrados por terroristas destruíram as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e atingiram o Pentágono, em Washington, símbolos da hegemonia econômica e militar dos EUA. Um avião caiu na Pensilvânia antes de alcançar o Capitólio ou a Casa Branca, ícones do poder político.

Ao todo, 2.977 pessoas morreram no maior atentado terrorista da história – gente de 2 a 85 anos. Foram 3 milhões de horas de trabalho para limpar quase 2 milhões de toneladas de escombros em Manhattan, serviço que só terminou oito meses depois.

Teorias da conspiração à parte, a investigação mostrou que o crime foi resultado de dois anos de planejamento pela rede terrorista Al Qaeda. E se engana quem pensa que os 19 seguidores de Osama bin Laden tinham origem humilde: todos eram muçulmanos de classe média e alta.

Mohammed Atta, por exemplo, o egípcio de 33 anos que lançou o Boeing-767 da American Airlines contra a torre norte do WTC, era pós-graduado em planejamento urbano na Alemanha. Homem de confiança de Bin Laden, endurecido em treinamento no Afeganistão, foi o líder operacional dos ataques.

Pesquisou escolas de aviação nos EUA, organizou a chegada dos demais terroristas, cruzou o país como passageiro em voos de reconhecimento. Tudo foi planejado em detalhes pelos terroristas. Por exemplo, os voos sequestrados foram cuidadosamente selecionados para garantir que estariam com bastante combustível no momento dos ataques.

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Segundo as investigações, o atentado custou à Al Qaeda cerca de US$ 500 mil, mas nunca se conseguiu rastrear a origem desses recursos. No mês anterior ao ataque, o FBI e a CIA receberam diversos indicativos de que algo grande estava sendo tramado, mas não conseguiram conectar as pistas e prever o atentado. Afinal, no fatídico 11 de Setembro, Atta e seus cúmplices causaram em uma hora mais danos aos EUA do que 50 anos de Guerra Fria.

A Guerra ao Terror transformou sociedades ocidentais em Estados obcecados com a segurança, com orçamentos astronômicos para inteligência e leis para invadir a privacidade dos cidadãos. Se hoje você precisa tirar o sapato e abandonar sua garrafa de água para embarcar num avião, é por causa dele. Se o presidente do seu país, e até mesmo você, pode ser interceptado pela CIA a qualquer momento sem que você nem desconfie, é por causa do 11 de Setembro também.

O pior é que a paranoia nem parece nos ajudar. Bin Laden morreu sem realizar o objetivo de dar início a um choque de civilizações, mas seu modelo de guerra desigual segue inspirando atentados terroristas.

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