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Navios naufragados da 2ª Guerra estão desaparecendo

Fundo do mar se tornou o túmulo de milhares de soldados que participaram da Batalha de Java – mas o "cemitério" está sumindo

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 fev 2017, 13h18 - Publicado em 10 fev 2017, 13h17

Pelo menos cinco navios que afundaram na batalha do Mar de Java, durante a Segunda Guerra Mundial, estão desaparecendo. Dois deles eram embarcações holandesas e o país já encomendou uma investigação enorme para entender o que está acontecendo.

Os Países Baixos, na época, controlavam partes da Indonésia que estavam sob ataque dos japoneses. Os outros três navios que estão sumindo eram do próprio Japão: são chamados de naufrágios das Tigelas de Arroz, por conta da carga de mantimentos que carregavam, e se tornaram famosos entre mergulhadores.

Isso porque os navios afundados se tornaram a “casa” de todo um ecossistema de vida marinha, como se fossem um recife de coral. Assim, o local se tornou um paraíso para quem gosta de mergulhar. Mas, recentemente, os próprio mergulhadores contaram ao jornal The Guardian que só resta cerca de 2% daquilo que eram os navios.

Enquanto as embarcações holandesas simplesmente sumiram, os navios japoneses se tornaram uma pequena bola de sucata e ferro velho – o que praticamente confirmou a teoria que os navios estavam sendo saqueados por grupos que pretendem aproveitar o metal que está lá embaixo, como aço, alumínio e latão. As hélices de propulsão dos navios seriam o material mais valioso: bronze fosforado.

Não se trata de simplesmente roubar fios de cobre para vender: os navios estão cheios dos restos mortais dos soldados combatentes, o mais próximo de um túmulo que eles puderam ter.

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Aí é que o desaparecimento dos navios vira uma questão política. Os princípios do direito internacional consideram que os navios naufragados são posse do seu país de origem, em respeito aos seus mortos e sua história, e devem ser protegidos pelo país dono do território onde afundaram.

A Holanda, que tem até uma fundação de proteção à sepulturas de guerra, quer explicações para o sumiço dos seus navios. Já no caso do Japão, foi um flagrante: a mergulhadora Monica Chin foi chamada por pescadores que viram uma empresa chinesa guinchar para a superfície a maior parte dos navios japoneses. Chin foi atrás da empresa, que tinha sido contratada pelo departamento de arqueologia da Universidade Malaysia Sabah, que é da Malásia, país responsável por proteger o navios. A mergulhadora foi protestar com a universidade, que admitiu que a autorização tinha sido irregular e cortou ligações com a empresa chinesa.

A essa altura, porém, tudo que sobrou desses museus submersos era sucata. Mesmo assim, o alerta é importante: estima-se que mais de 100 navios naufragados estejam espalhados pela região, se tornando um lar para dezenas de espécies marinhas, guardando a história da Segunda Guerra e as vítimas do conflito.

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