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…O Canadá declarasse guerra ao Brasil?

Acostumados a bosques nevados, os canadenses sofreriam para combater em nossos sertões tropicais

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h20 - Publicado em 31 mar 2001, 22h00

Ninguém duvida que a tal da vaca louca foi apenas um pretexto. O recente veto canadense à importação de carne brasileira seria, na verdade, uma retaliação à concorrência vitoriosa da Embraer, superando a venda de jatos canadenses no exterior. Tudo se resolveu diplomaticamente – mas, caso o Canadá decidisse partir para a ignorância e retaliar militarmente a queixa do Brasil, tudo indica que seria obrigado a voltar para casa com o rabo entre as pernas. Se os Estados Unidos, cuja potência militar é incomparavelmente superior, não foram capazes de subjugar um país minúsculo como o Vietnã – imagine o que seria para seus vizinhos do norte conquistar nossos milhares de quilômetros quadrados.

Nos dias de hoje, país nenhum declara guerra – já começa batendo. Os canadenses provavelmente sairiam bombardeando nossas cidades com seus navios. Não estamos preparados para isso: nossas Forças Armadas não brigam para valer há mais de meio século. É de supor, portanto, que, pelo menos no princípio, apanharíamos um bocado. Embora o Canadá seja um país pacífico, é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que o supre de armamentos de última geração.

Só que bombardear é uma coisa, ganhar uma guerra é outra. De nada adiantaria jogar umas bombinhas e voltar para casa. Mais cedo ou mais tarde, eles teriam que desembarcar em nosso território. É aí que seus problemas começariam. O Brasil teria tempo de se ajeitar: compraríamos caças, tanques, navios. Claro que todo esse esforço exigiria uma mobilização nacional: entraríamos numa recessão, já que os recursos sairiam do bolso dos cidadãos.

O cenário mais provável seria o de guerrilha. Atacaríamos como os vietcongues do cinema, que surgem em pequenos grupos do meio da selva para matar soldados, destruir caminhões e desorganizar o exército inimigo. Para ocupar todo o nosso país, o Canadá teria de recrutar uma grande porcentagem de sua pequena população e batalhar em florestas e sertões abafados – lugares inóspitos para soldados acostumados a bosques de pinheiros e frio. Como as forças canadenses, apesar de modernas, são bem reduzidas, jamais conseguiriam manter um conflito à longa distância por muito tempo. Mesmo porque ninguém acredita que receberiam apoio internacional se a agressão partisse deles. Nem mesmo os membros da Otan se disporiam a arrumar encrenca conosco numa situação dessas.

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Um ataque canadense geraria tanta reprovação que poderia desestabilizar internamente nosso adversário – quem sabe, até gerando condições para que os sempre insatisfeitos franco-canadenses declarassem sua independência. Diante de tantas adversidades, entre elas o altíssimo custo financeiro de manter tropas no Atlântico Sul, uma hora o exército canadense acabaria tendo que pedir desculpas e tomar o caminho de casa.

Claro que isso tudo só aconteceria se quem batesse primeiro fossem eles. Se nós partíssemos para cima, tomaríamos uma piaba ainda maior. “Os Estados Unidos se ofenderiam com uma agressão ao seu vizinho e parceiro comercial e entrariam na briga”, afirma um conhecido especialista em relações internacionais que, assim como a maioria das fontes consultadas pela Super, preferiu permanecer anônimo para evitar problemas diplomáticos. Aí sim, enfrentaríamos a ira da Otan. Não contaríamos nem com o apoio dos nossos sócios do Mercosul, que, além de não querer problemas com os Estados Unidos, poderiam aproveitar para nos roubar a liderança na América do Sul. Em resumo: não teríamos a menor chance. Ainda mais que não possuímos infra-estrutura para uma guerra tão distante – nossas reduzidas forças aéreas e nossos dois velhos porta-aviões dariam no máximo para desafiar o Uruguai.

A verdade é que uma guerra dessas jamais aconteceria. “Não há possibilidade de um conflito entre Brasil e Canadá”, diz o coronel da reserva Geraldo Cavagnari, do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp. “Mesmo que um dos lados decidisse lutar, os Estados Unidos interviriam para acalmar os ânimos.” Um especialista canadense, que não quis se identificar, resumiu bem a situação. “Quando houve o conflito no Timor Leste, nosso governo quis enviar tropas de paz. Não conseguiu porque o avião quebrou. E, no Brasil, os submarinos já afundam no porto”, diz ele. “Como imaginar que estes dois países poderiam mobilizar forças para uma guerra?” Moral da história: ainda bem que resolveram tudo na conversa!

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