A descoberta de três crianças mumificadas no alto da Cordilheira dos Andes chama atenção para o mistério dos sacríficios humanos praticados pelos incas. Os garotos, com idade entre 8 e 15 anos, foram achados em abril pelo arqueólogo americano Johan Reinhard, da Sociedade Geográfica Nacional, dos Estados Unidos. Os corpos estavam em tumbas cavadas no solo e rodeadas de objetos que pareciam parte de um ritual. Marcas de pancada leve no crânio sugerem que as vítimas desceram ao túmulo apenas desmaiadas. Não há certeza. “Tudo o que temos, por ora, são relatos dos colonizadores espanhóis, que não são confiáveis”, disse à SUPER o arqueólogo americano Richard Burger, especialista em civilizações andinas da Universidade Yale, nos Estados Unidos. Ele diz que só agora estão surgindo dados concretos. Nos últimos anos, já foram atalogados 115 sítios de cerimônias contendo dezenas de artefatos e,em alguns deles, múmias e restos de animais sacrificados. Reinhard, sozinho, já localizou dezoito múmias nos Andes. “O material arqueológico coletado poderá nos ensinar como funcionava a religião inca”, anima-se Burger.
Marcha pelas alturas
As informações sobre os rituais incas foram deixadas por estudiosos espanhóis da época do descobrimento da América.
1. Conta-se que os sacríficios humanos e de animais serviriam para pedir boas colheitas e proteção contra catástrofes naturais. Seriam sempre em pontos altos, acima de 5 000 metros.
2. As vítimas, entre elas crianças, seriam selecionadas pelos sacerdotes e preparadas com antecedência. Depois, seguiam em procissão até o lugar do ritual.
3. Por fim, os sacrificados receberiam uma pancada na cabeça, para desmaiar, e seriam colocados sentados em tumbas cavadas no solo. Supõe-se que morreriam de frio.