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O homem que descobriu as vitaminas – e foi ignorado

30 anos antes do termo “vitamina” ser cunhado, um experimento feito pelo russo Nicolau Lunin já havia mostrado a existência de substâncias que vão além dos carboidratos, gorduras e proteínas.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 jul 2025, 16h07 - Publicado em 17 jun 2025, 12h00

Em 1881, um jovem médico russo chamado Nicolau Lunin fez o seguinte experimento durante seu doutorado: alimentou um grupo de camundongos exclusivamente com leite de vaca e outro com uma espécie de leite falso – uma solução aquosa de proteínas, gorduras, carboidratos e sais minerais nas mesmas proporções da bebida autêntica.

Os roedores que beberam o líquido real permaneceram saudáveis por mais de dois meses, já os alimentados com a versão artificial morreram entre 16 e 36 dias depois. Assim, Lunin concluiu que o leite verdadeiro devia conter algo além. Nutrientes até então desconhecidos da ciência, mas também indispensáveis para mamíferos como nós.

Foi um palpite visionário: ele havia descoberto as vitaminas. O problema é que foi visionário demais. Nem a banca nem o professor orientador de Lunin confiaram. Por isso, houve uma tentativa de replicar os resultados. Mas, nessa ocasião, utilizou-se açúcar extraído do leite em vez de açúcar de cana – e algumas vitaminas acabaram vindo de carona, o que manteve os ratinhos vivos só por tempo suficiente para todo mundo concluir que Lunin havia errado.

O jornalista Bill Bryson escreveu certa vez que toda descoberta científica tem três estágios: “Primeiro, as pessoas negam que é verdade, depois, negam que é importante; finalmente, elas dão crédito para a pessoa errada”. Para Lunin, esta última etapa tardou, mas também chegou.

Em 1929, o britânico Frederick Hopkins e o holandês Christiaan Eijkman dividiram o Nobel de Medicina ou Fisiologia pela descoberta das vitaminas. Foi uma decisão polêmica, porém. É impossível falar em um único laureado no caso de um conceito tão amplo; dezenas de pesquisadores depois de Lunin deram contribuições importantes. Mesmo Casimir Funk, o polonês que cunhou a palavra “vitamina”, em 1912, ficou de fora.

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Hopkins, felizmente, era elegante: citou Lunin em seu discurso, e afirmou “que o trabalho e as palavras dos verdadeiros pioneiros são esquecidas porque foram publicados quando mentes comuns não estavam prontas para reconhecer seu valor”.

A definição básica de “vitamina” não mudou grande coisa desde então. Esse ainda é o nome dado às moléculas orgânicas de que seu corpo precisa em pequenas quantidades, que ele não fabrica por conta própria e as quais não se encaixam nas outras cinco gavetas básicas de nutrientes: carboidratos, proteínas, lipídios, sais minerais e água.

Todo mundo tem uma vaga ideia de que açúcar é combustível ou de que a gordura é uma reserva de energia. Já o papel das vitaminas é mais obscuro no imaginário popular: cada uma delas tem funções bastante específicas, difíceis de entender sem noções básicas de bioquímica – o que facilita o trabalho de propagandear suplementos desnecessários no Instagram com alegações estapafúrdias e palavrinhas mágicas como “antioxidantes” ou “radicais livres” (spoiler: não, vitamina C não previne nem cura resfriados).

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A verdade é que, para pessoas com acesso a uma alimentação minimamente balanceada e sem deficiências diagnosticadas por um profissional (como o caso de vegetarianos com a B12), um pratão com arroz, feijão, salada e algum tipo de carne contém toda a vitamina de que um corpo humano precisa. Na dúvida, não dê bola para o terrorismo nutricional e siga as três regrinhas básicas do autor Michael Pollan, sempre citadas nas páginas da Super: “Coma comida, não muita, principalmente vegetais”.

Leia as reportagens que explicam em detalhes o que cada vitamina faz:

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