O mistério de Teotihuacan: quem eram os habitantes desta metrópole pré-colombiana?
Um estudo propõe um novo método para tentar ler os hieróglifos deixados por essa poderosa civilização mesoamericana.
Por meio milênio – entre os séculos 1 d.C. e 5 d.C. –, a cidade-Estado de Teotihuacan dominou grande parte do que hoje é o México Central. Essa civilização é conhecida pelas imponentes pirâmides do Sol e da Lua, no sítio arqueológico hoje próximo à cidade do México, construídas muitos séculos antes dos astecas chegarem à região.
Apesar de muito poderosa, chegando a abrigar mais de 125 mil pessoas no seu auge e a influenciar politicamente e culturalmente as cidades-Estados maias localizadas ao sul, Teotihuacan ainda é relativamente misteriosa – principalmente porque os arqueólogos nunca conseguiram desvendar os glifos deixados por eles. Não se sabe até hoje, por exemplo, a qual grupo linguístico e étnico os habitantes da metrópole pertenciam ou qual idioma falavam.
Agora, um novo estudo traz novas pistas sobre esse misterioso povo. Em um artigo publicado na revista Current Anthropology, dois pesquisadores propõem que a língua de Teotihuacan é uma antiga língua Uto-asteca, que, muitos séculos mais tarde, daria origem a várias outras línguas – incluindo o idioma náuatle (ou nahuatl), falado pelos astecas.
O mistério
Teotihuacan começou a se formar no século 1 a.C., atingiu seu auge no século 5 d.C. e foi completamente abandonada por volta do ano 750 d.C. Muitos séculos mais tarde, por volta de 1300, os astecas chegaram na região e fundaram uma nova civilização próxima à cidade abandonada. Hoje, suas ruínas são um ponto turístico famoso no México.
Os teotihuacanos deixaram vários símbolos marcados em murais e cerâmicas, mas não há consenso entre os pesquisadores se esses desenhos constituem, de fato, uma linguagem escrita. Se for realmente um código possível de ser decifrável, aprender a lê-lo forneceria muitas novas informações sobre esse povo.
Para tentar ler os glifos, os pesquisadores Magnus Pharao Hansen e Christophe Helmke, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, reconstruíram uma possível língua uto-asteca que seria falada na época de Teotihuacan com base nas suas descendentes mais jovens, como o idioma asteca e o huichol, outra língua indígena do México. Assim, criaram uma árvore genealógica dessa família linguística para tentar entender como essa língua ancestral teórica se pareceria.
Trata-se de um chute: não se sabe com certeza se os teotihuacanos são ancestrais dos astecas e de seus primos, mas essa é uma possibilidade.
Com base nessa interpretação, a dupla propôs novos significados para vários dos símbolos encontrados, como “pedra”, “montanha” e “amarelo”.
Os cientistas defendem que essa linguagem reconstruída seja usada para tentar ler os hieróglifos teotihuacanos. Eles ainda não desvendaram o significado do texto – longe disso – mas afirmam que a abordagem começa a dar frutos e pode ser um caminho para novos estudos.
Uma das maiores dificuldades é que há poucos registros de Teotihuacan – cerca de 300 –, enquanto línguas de outros povos mesoamericanos como o maia e o nahuatl aparecem em milhares de textos, o que ajudou a ciência a traduzi-las.
“Se estivermos certos, não significa só que deciframos um sistema de escrita. O resultado pode ter implicações para todo o nosso entendimento sobre culturas mesoamericanas e, claro, solucionar o mistério sobre os habitantes de Teotihuacan”, diz Christophe Helmke.
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