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O pantera-negra

Huey Newton tinha tudo para sero Che Guevara da causa negra, mas morreu como traficante de drogas.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h24 - Publicado em 31 mar 2006, 22h00
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  • Alvaro Oppermann

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    Em 1967, a Califórnia ficou dividida. No sul, explodia o “paz e amor” dos hippies. Ao norte, o sentimento era de ódio. Civis negros enfrentavam à bala policiais brancos, que chamavam de “porcos”. No ano anterior, Huey Newton criara o “Partido dos Panteras-Negras para a Autodefesa”, com o amigo Bobby Seale, líder estudantil. Não era um partido político, mas um grupo de protesto contra a violência racista branca.

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    A polícia de Oakland, principal cidade do movimento, tentou acabar com os panteras pela força. Os tiros, porém, saíram pela culatra. Num confronto, Huey matou um policial branco. Foi preso, e o caso ganhou atenção da mídia em todos os EUA. Na Olimpíada de 1968, dois atletas americanos negros fizeram no pódio o sinal do movimento: o punho cerrado. Em 1970, Newton foi absolvido e o grupo cresceu mais ainda. Além de combater o racismo, sua causa era nada menos do que instalar um regime marxista nos EUA. Valia tudo: eleições (Seale concorreu à prefeitura de Oakland, mas não ganhou), marchas, protestos e, claro, tiroteios.

    Uma das armas era o carisma de Newton. Boa-pinta, sempre de jaqueta e boina pretas, parecia um Che Guevara em versão black. O FBI tentou de tudo para estrangular o movimento: infiltração de agentes, fraude de documentos, prisões. Nada deu certo. Huey só não resistiu a duas coisas: à fama e à cocaína. Em 1970, as estrelas de Hollywood o descobriram e levaram Huey para passear por mansões e cheirar pó. O pantera adotou idéias mais radicais e temperamento mais violento. Em 1974, doidão, matou uma prostituta de 17 anos. Bert Schneider (produtor de Easy Rider – Sem Destino) pagou a fiança. Mas a população queria linchá-los e a promotoria, prendê-lo. Foi então que Schneider e 3 figurões de Hollywood armaram uma fuga de Huey para Cuba, via México. Deu certo: o pantera-negra foi recebido como herói por Fidel Castro. Lá virou professor e torneiro mecânico.

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    Quando voltou para os EUA em 1977, Huey já não era o mesmo. Nos anos 80, tentou voltar à vida pública, em vão. Alquebrado, preso às drogas, entrou para o tráfico. Morreu em 22 de agosto de 1989 em Oakland, baleado por um traficante adolescente. Segundo testemunhas, a última palavra que deve ter ouvido foi gritada pelo seu assassino: “motherfucker!”

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    Grandes momentos

    • Nasceu em 1942. Foi preso por vandalismo várias vezes. Aprendeu a ler na cadeia e estudou direito. Segundo ele, para virar um ladrão melhor.

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    • Em 1971, Huey viajou para a China. Foi recebido com honras de chefe de Estado pelo próprio Mao Tsé-tung. O livro de cabeceira de Huey era o Livro Vermelho de Mao.

    • Nem todos os cineastas gostavam dele. “Tudo o que Huey fez em Hollywood foi passar sífilis e gonorréia para um monte de atrizes”, disse o roteirista Buck Henry.

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    • Foi preso em 1985, acusado de desviar fundos do programa de merenda escolar dos panteras-negras para manter o seu vício.

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