O que é a “pedra dos 12 ângulos”, patrimônio inca que foi vandalizado
Esse exemplo impressionante da engenharia complexa dos incas foi vandalizado, e os danos à estrutura foram classificados como "irreversíveis".

Cusco, no Peru, é cheia de relíquias arqueológicas: a cidade já foi a capital do Império Inca, a maior civilização da América antes da chegada dos colonizadores europeus. Os espanhóis, sob o comando do conquistador Francisco Pizarro, destruíram a maioria dos edifícios incas ali, mas algumas lembranças do império continuaram de pé, como a “pedra dos 12 ângulos”.
Esse bloco de pedra, que faz parte de um antigo palácio na rua Hatun Rumiyoc, é considerado um patrimônio cultural do Peru. O palácio era habitado, durante a segunda metade do século 14, pelo Inca Roca, o sexto governante do Império Inca.
Um olhar desatento pode não perceber que a pedra, mesmo com suas seis toneladas de peso, foi cuidadosamente esculpida para se encaixar perfeitamente com as outras rochas do muro, formando 12 ângulos. É um testemunho à habilidade dos engenheiros e arquitetos incas, que criaram construções complexas há mais de 600 anos.
Agora, essa relíquia cultural e ponto turístico popular peruano foi vandalizada na última terça (18), e o homem que golpeou a “pedra dos 12 ângulos” deixou a peça com danos irreversíveis.
Pode dar 6 anos de prisão
A famosa pedra inca é um bloco massivo de diorito que foi encaixado no muro do Palácio do Arcebispo, em Cusco. Esse edifício com nome católico, da época da colonização espanhola, foi construído sobre as ruínas do palácio do Inca Roca, e os espanhóis aproveitaram o muro que já estava ali. A visita ao local é gratuita.
Confira como é a pedra, uma das estruturas mais famosas das ruínas que sobraram do Império Inca:

Não é a primeira vez que a “pedra dos 12 ângulos” é vandalizada. Em 2014, ela foi pichada com tinta em spray. Agora, o vândalo não usou tinta, e sim um martelo com o qual ele golpeou a rocha várias vezes.
Os golpes aconteceram nas primeiras horas da terça-feira (18), quando um cidadão “fora de si e em aparente estado de embriaguez”, segundo a Secretaria de Cultura de Cusco, atacou a pedra com um objeto metálico, que depois descobriram que era um martelo, arrancou alguns pedaços de rocha e deixou seis marcas visíveis na relíquia.
A polícia do Peru deteve o autor do crime, Gabriel Mariano Roysi Malani, de 30 anos. Ainda não se sabe qual foi a intenção por trás do atentado, mas o diretor da Secretaria de Cultura de Cusco, Jorge Moya Coháguila, afirmou que eles vão pedir a pena máxima de seis anos de prisão por crime de lesa-cultura, porque “o dano ao patrimônio é irreversível”.