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Outras Brasílias

Há 50 anos, um concurso escolheu o projeto da nova capital. Ganhou Lúcio Costa - e nós perdemos uma cidade em forma de bandeira ou proibida para menores.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h29 - Publicado em 31 out 2007, 22h00

Texto Paula Scarpin

BRASÍLIA AMARELADA

O concurso oficial para a escolha da planta da capital foi realizado em 1957, mas a idéia de tirar o poder do Rio de Janeiro vem desde 1891. Ao lado, temos o primeiro projeto que menciona o nome Brasília: o desenho é de 1929 e foi feito por Theodoro Figueira de Almeida. O nome das ruas evidencia o clima ufanista da época e passa longe das siglas que viriam a ser os endereços na Brasília real.

PIONEIRO E SEM PAI

O primeiro grande impulso para o deslocamento da capital foi dado pelo presidente Epitácio Pessoa, que autorizou a colocação da pedra fundamental no Planalto Central em 1922. Este projeto, o mais antigo de que se tem notícia, foi feito no ano de 1927 e é de autoria desconhecida. O autor anônimo quase acertou na mosca a localização da cidade: desenhou a capital em um terreno próximo a Planaltina, localidade de Goiás que faz divisa com o Distrito Federal.

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O VICE-CAMPEÃO

Em 1956, o presidente Juscelino Kubitschek propôs a coordenação do planejamento da capital ao arquiteto Oscar Niemeyer. Este declinou o convite e sugeriu a criação de um concurso para eleger o melhor projeto. A competição ocorreu no ano seguinte e foi vencida pelo urbanista Lúcio Costa – que entregou ao próprio Niemeyer a tarefa de desenhar os principais prédios da cidade. O 2º lugar ficou com este projeto, de Boruch Milmann, João Henrique Rocha e Ney Fontes Gonçalves.

CIDADES VERTICAIS

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Dois projetos empataram em 3º lugar. Este é um deles: assinado por 3 arquitetos, previa prédios estreitos e muito altos em gigantescos conjuntos habitacionais. Os superblocos, como eram chamados, tinham capacidade para até 16 mil habitantes cada um – só para comparar, o Edifício Copan, maior de São Paulo, tem cerca de 5 mil moradores. Todos os projetos previam uma Brasília com menos de 1 milhão de pessoas (a população da capital já ultrapassa os 2,3 milhões).

PROJETO RECICLADO

Márcio e Maurício Roberto idealizaram uma capital toda dividida em unidades autônomas – cada célula hexagonal tinha o próprio centro comercial, lazer, parques e tudo o mais. O projeto foi elogiadíssimo, mas acabou em 4º lugar no concurso do governo Juscelino. Ele não foi, porém, para a gaveta. Na mesma época, diversas cidadezinhas surgiram durante a construção da rodovia Belém-Brasília, entre elas Paragominas (abaixo), que adaptou a planta dos irmãos Roberto. Na versão paragomineira, foram construídos só 2 dos 7 hexágonos previstos no plano original. E lá pouca gente sabe por que a cidade tem aquele formato tão diferente. Na Secretaria de Cultura, a informação oficial é a de que se trata de uma planta do próprio Lúcio Costa que não foi aprovada no concurso – mas ele concorreu com uma só, a vencedora.

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CRIANÇAS SEGREGADAS

Alguns projetos apresentados no concurso da nova capital tinham características curiosas. Este, por exemplo, previa a divisão da cidade em zonas para pessoas de diferentes idades. As crianças de até 7 anos poderiam ficar somente nas partes residenciais, onde também ficaria toda a estrutura de lazer e educação. As pessoas entre 8 e 18 anos teriam permissão para se afastar 400 metros dessa área. Mais longe que isso, o acesso era permitido apenas aos adultos.

NÃO DEU BANDEIRA

Este projeto caprichou na setorização da cidade – havia áreas separadas para cada tipo de atividade – e nas formas geométricas. Visto do alto, o centro da capital teria o desenho da bandeira do Brasil. O cemitério seria em forma de cruz. Mas a idéia foi logo descartada pelos jurados por causa de falhas primárias. O traçado das ruas, por exemplo, ignorava totalmente a topografia do terreno.

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