Desconto de até 39% OFF na assinatura digital
Continua após publicidade

Padrão escondido nas penas de pássaros revela quais dinossauros podiam voar

Os pássaros que podem voar têm um número de penas específico. Esse pode ser mais um parâmetro paleontológico para inferir dinos voadores.

Por Leo Caparroz
5 mar 2024, 18h22

Nem todos os pássaros podem voar. Pinguins, galinhas e avestruzes são algumas das espécies de aves que ficam com as patinhas presas no chão. Muitas características anatômicas são importantes para determinar se um pássaro é voador ou não. Um novo estudo, publicado no periódico PNAS, encontrou um padrão nas asas desses dois tipos de ave – e isso pode ajudar a identificar dinossauros voadores.

Uma dupla de pesquisadores (um ornitólogo e um paleontólogo) analisou as penas das asas de 346 espécies diferentes de pássaros. Eles perceberam que todos os pássaros que podiam voar tinham 9, 10 ou 11 penas primárias – que são as penas que ficam mais na ponta das asas.

Por outro lado, o número de penas nas aves não voadoras era muito discrepante – enquanto emus não têm nenhuma, pinguins têm 40 delas.

“É realmente surpreendente que, com tantos estilos de voo que podemos encontrar nas aves modernas, todas elas compartilhem essa característica”, diz Yosef Kiat, ornitólogo da pesquisa. “Fiquei surpreso que ninguém parece ter encontrado isso antes.”

 

Dinossauros penados

Do ponto de vista filogenético, toda ave é um dinossauro. Os pássaros atuais evoluíram de um grupo de dinossauros chamados terópodes, que abrigava espécies como o Tiranossauro Rex (mas as aves vieram de terópodes menores do que ele).

Continua após a publicidade

Depois de muito tempo, a evolução moldou esses dinos, até que eles viraram as aves como conhecemos. Ainda existem muitas lacunas na paleontologia sobre essa relação. Uma delas é a questão do voo.

(Só um lembrete: o pterossauro não é um dinossauro, e sim um parente dos dinos).

A habilidade de voar é um assunto complicado para os dinos. Bem antes da queda do asteroide, alguns dinossauros já tinham desenvolvidos penas, um primeiro passo para o voo. Acredita-se que, no começo, elas funcionavam mais como isolamento térmico ou para atrair parceiros. Hoje sabemos que o velociraptor, por exemplo, tinha penas, mas não voava.

Se ter penas não é sinônimo de voo, como sabemos quais dinossauros podiam voar? Não dá para usar uma máquina do tempo para comprovar, então paleontólogos buscam pistas em fósseis, como o tamanho e a forma dos ossos das asas, além da forma de penas preservadas, para determinar as espécies voadoras. 

As penas atuais podem nos contar sobre quais dinossauros voavam. Por exemplo: pássaros voadores têm longas penas assimétricas nas pontas das asas; já as que não podem têm penas mais curtas e simétricas.

Continua após a publicidade

Pensando nesse potencial paleontológico, a dupla analisou 65 fósseis de 35 espécies de dinossauros com penas e de pássaros extintos. Ao aplicar as descobertas, os pesquisadores conseguiram extrapolar informações sobre os fósseis. “Basicamente, podemos observar a sobreposição do número de penas primárias e a forma dessas penas para determinar se uma ave fóssil podia voar e se os seus antepassados podiam”, diz  Jingmai K. O’Connor, paleontólogo do estudo.

Simplificando: se o número de penas primárias era entre 9 e 11 e elas eram assimétricas, é bem provável que esse dinossauro pudesse voar.

No estudo, os pesquisadores analisaram o Caudipteryx, uma espécie de dinossauro com penas. O Caudipteryx tinha 9 penas primárias quase simétricas, mas as proporções de suas asas tornariam o vôo impossível. Eles concluíram que o Caudipteryx talvez tivesse um ancestral que pôde voar, mas esse traço tenha se perdido. 

Como leva muito tempo para que a evolução altere o número de penas primárias, a espécie manteve-as. Por outro lado, as asas de outros fósseis pareciam boas para voar – incluindo as do primeiro pássaro conhecido, o Archaeopteryx, e o Microraptor, um minúsculo dinossauro de quatro asas que não é um ancestral direto dos pássaros modernos.

“Nosso estudo, que combina dados paleontológicos baseados em fósseis de espécies extintas com informações de aves que vivem hoje, fornece informações interessantes sobre penas e plumagem – uma das novidades evolutivas mais interessantes entre os vertebrados”, afima Kiat. “Assim, ajuda-nos a conhecer a evolução destes dinossauros e destaca a importância de integrar conhecimentos de diferentes fontes para uma melhor compreensão dos processos evolutivos”.

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 6,00/mês

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 14,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.