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Pesquisadores descobrem como bebês eram carregados na Pré-História

Analisando pequenas conchas enterradas junto de uma menina, os pesquisadores descobriram como nossos ancestrais carregavam crianças de um lado para o outro.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 6 out 2022, 17h53 - Publicado em 6 out 2022, 17h52

Sabemos que a espécie humana só chegou até aqui porque bebês costumam receber cuidados especiais de seus pais, garantindo a continuidade de seus genes. Mas faltavam evidências de como as crianças eram carregadas por papai e mamãe de um lado para o outro. Se não era simplesmente no braço, devia ser com algum tipo de tecido. E peles e couros raramente são preservados como fósseis, de modo que era difícil conhecer detalhes desse costume. Até agora.

Um novo estudo, publicado no periódico Journal of Archaeological Method and Theory, detalha como um achado singular pode iluminar essa questão. Os pesquisadores analisaram a cova de uma menina que morreu com cerca de 40 a 50 dias de vida, há 10 mil anos atrás. Apelidada de Neve, ela foi encontrada na caverna arqueológica de Arma Veirana, na Itália.

Junto de seu corpo, havia mais de 70 conchinhas cuidadosamente furadas. Usando análises microscópicas, escaneamento 3D e leituras de posição, os pesquisadores puderam inferir informações importantes sobre as condições do enterro de Neve – e a forma com que era carregada.

Segundo eles, a criança ficava envolta em um pedaço de couro ou tecido, e as conchas eram entrelaçadas e amarradas nesse tecido. A maioria desses adereços já demonstrava sinais de uso por um tempo maior do que a vida curta de Neve – o que indica que eles já eram posse de alguém, que passou para a menina como um presente ou um amuleto para protegê-la.

“Os resultados sugerem que essas ‘miçangas’ já eram usadas por outros membros da comunidade da criança por um período considerável. Elas foram costuradas em um tipo de sling [carregador de bebê feito de pano, parecido com uma tipoia gigante, que é enrolado no corpo dos pais de modo a dar autonomia aos seus braços] possivelmente para manter o bebê bem perto e possibilitar sua mobilidade, como observado em alguns grupos modernos”, escrevem os autores. 

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As pernas de Neve estavam dobradas sobre o abdômen, escondendo algumas das conchas e provando que elas não foram atiradas em sua cova durante um ritual funerário. Em vez disso, é mais provável que tenham sido parte do tecido decorado que ela usava durante a vida – algumas das contas até traçavam, próximas ao ombro do bebê, a borda do tecido que a enrolara.

Pesquisas anteriores mostraram que tais miçangas de conchas eram trabalhosas e difíceis de serem confeccionadas. Sendo assim, os pesquisadores acharam interessante que o grupo de Neve tenha decidido enterrá-la junto de seu suporte.

“O bebê foi provavelmente enterrado em seu sling para evitar o reúso das contas que falharam em protegê-la, ou para criar uma conexão duradoura entre a criança falecida e sua comunidade”, afirmam os cientistas.

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