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Quais são os negócios da máfia?

Eles vão dos clássicos, como o tráfico de drogas, aos mais recentes, como fraudes eletrônicas e tráfico de seres humanos

Por Rodrigo Cavalvante
Atualizado em 21 fev 2017, 19h55 - Publicado em 29 fev 2008, 22h00

“Uma empresa com mais de 150 anos de tradição, que saiu de um lugar pobre para conquistar o mundo.” Se a temida máfia siciliana fosse uma empresa legal, bem que esse poderia ser o seu slogan. A organização criminosa encontrou tantas e tão lucrativas formas de ganhar dinheiro que acabou se transformando numa poderosa multinacional (leia mais na reportagem da pág. 16). A chave desse sucesso está em sua extraordinária capacidade de aliar a tradição de seus códigos internos à flexibilidade para diversificar e globalizar seus negócios.

No século 19, o faturamento da Cosa Nostra vinha basicamente da extorsão de proprietários rurais e comerciantes. Mas logo os mafiosos perceberam que multiplicariam seus lucros se, em vez de apenas cobrar por proteção, exigissem participação nos negócios e usassem empresas legais como fachada para lavar dinheiro sujo. Foi assim que, ao longo do século 20, o crime organizado na Itália e nos EUA passou a operar em atividades tão distintas quanto mercado imobiliário e tratamento de lixo tóxico (leia mais no quadro abaixo). “Por um lado, houve uma transformação de mafiosos em negociantes. Por outro, uma transformação de empresas limpas em empresas corruptas ligadas à máfia”, afirma o historiador Salvatore Lupo.

Toda vez que uma atividade ilícita foi reprimida, as organizações mafiosas rapidamente encontraram novos mercados. Prova dessa capacidade de regeneração é o portfólio que as principais máfias do planeta, hoje, podem exibir: tráfico de órgãos humanos, armas, fraudes pela internet, pirataria… Sem contar os negócios clássicos e até hoje muito rentáveis, como drogas, prostituição, jogos ilegais, extorsão… A lista não tem fim.

Até lixo tóxico!

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Na Itália, resíduos poluentes viram lucro nas mãos dos mafiosos

Dos 80 milhões de toneladas de resíduos tóxicos produzidos pelas indústrias italianas anualmente, nada menos que 35 milhões podem estar nas mãos de empresas ligadas à máfia. O negócio funciona assim: como custa caro tratar esses dejetos, muitas indústrias procuram empresas controladas pela máfia, que executam o serviço por valores até 400 vezes menores que os da concorrência legal. Recolhidos os resíduos e garantido o pagamento, falsificam certificados para transformar o lixo tóxico em lixo doméstico. E o eliminam sem qualquer tratamento, enterrando-o em locais destinados a resíduos comuns ou simplesmente jogando-o no mar.

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