Quem foi Jesus?
Para os cristãos, ele era o filho de Deus. A história fala de um pregador que não teve destaque em seu próprio tempo. Como um homem assim poderia conquistar tantos corações?
Tatiana Achcar e Maria Fernanda Almeida
A história de Jesus narrada na Bíblia todo mundo conhece: ele é Cristo (o ungido, em grego), filho de Deus, concebido via Espírito Santo em uma mulher virgem, enviado para salvar os homens com a sua paixão, morte e ressurreição. Realizou uma porção de milagres em vida, estabeleceu a vida eterna para quem seguisse suas pregações, foi crucificado e ressuscitou, ascendendo aos céus de corpo e alma.
Além dos evangelhos, que foram escritos por seus seguidores, relatos históricos sobre Jesus são escassos e inconclusivos. A única menção direta a Jesus é citada pelo historiador judeu Flávio Josefo, provavelmente no fim do primeiro século. Pesquisas atuais que tentam esboçar um Jesus histórico indicam que o judeu pobre da Galiléia foi, mais que o fundador de uma religião, um pregador rebelde e incômodo para o império romano e as elites de Jerusalém, como vários milagreiros de seu tempo.
O IMPÉRIO CATÓLICO
Trezentos anos após sua morte, a igreja de Cristo se tornou o grande poder do mundo ocidental e hoje arrebanha dois bilhões de fiéis em todo o mundo. Se Jesus Cristo era realmente um sujeito tão simples, oriundo de uma região marginal da palestina judaica, como entender como tanta gente se converteu em tão pouco tempo? A magnitude da expansão do cristianismo induz ao pensamento de que coisas extraordinárias aconteceram. “Os milagres relatados nos evangelhos servem para explicar parte deste fenômeno. Eles foram supostamente presenciados pelos contemporâneos e seguidores de Jesus em vida”, afirma André Chevitarese, professor em História Antiga da Universidade Federal do Rio de Janeiro e co-autor do livro Jesus, da coleção Para Saber Mais. O que instiga a curiosidade é saber que a imensa parte das pessoas que se converteu ao cristianismo sequer travou contato direto com a pregação de Jesus ou presenciou seus milagres, somente ouviu falar de suas ações extraordinárias e se motivou com elas.
Tais relatos jamais poderão ser provados cientificamente, dada a precariedade dos registros.