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Quem inventou a Black Friday?

Quebra da bolsa de valores, faltas no trabalho e trânsito caótico: vem entender o que tudo isso tem a ver com a origem da Black Friday.

Por Eduardo Lima
25 nov 2024, 18h00

Novembro é um mês cheio de feriados: temos Finados, no dia 02, depois a Proclamação da República, no dia 15, e o Dia da Consciência Negra, no dia 20. Como se não fosse o bastante, nos últimos anos um novo dia especial tomou conta do calendário brasileiro, com ações que se estendem pelo mês todo. Na próxima sexta-feira, 29, vai rolar a Black Friday.

O dia especial de promoções, invenção dos Estados Unidos que o Brasil importou, acontece no fim de novembro porque sempre vem na data seguinte ao Dia de Ação de Graças. Esse feriado tradicional norte-americano envolve comer em família e agradecer pelas coisas boas do ano. Um dia depois, com a barriga ainda cheia de peru, nada melhor do que ir às compras e já adiantar os presentes de Natal.

Teoricamente, as lojas preparam promoções especiais e diminuem os preços de vários produtos durante a Black Friday. Na prática, às vezes o consumidor está pagando “a metade do dobro”, já que alguns preços só estão mais baixos artificialmente (por isso, aqui o dia especial recebeu o apelido de “Black Fraude”). No Brasil, a febre de consumo não é tão presencial quanto nos Estados Unidos, mas acontece em muitas lojas virtuais.

A Black Friday chegou no Brasil no começo da década de 2010, e a ideia vem ganhando mais adesão por aqui a cada ano que passa. Mas como ela começou? Quem inventou a Black Friday?

Como começou

A Black Friday não é a invenção de um único gênio do marketing. A primeira vez que o termo foi usado nos Estados Unidos foi em 1869, com um significado financeiro bem diferente. A expressão foi criada para descrever o pânico de quando o mercado de ouro na bolsa de Wall Street quebrou, numa sexta-feira.

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Jay Gould e James Fisk estavam comprando muito ouro para tentar dominar o mercado, aumentar os preços e vender tudo mais caro. Quando o presidente dos Estados Unidos, Ulysses S. Grant, descobriu o esquema, ele vendeu US$ 4 milhões em ouro da reserva do país. O que acabou rolando foi uma desvalorização do metal precioso, que deixou muita gente falida.

A expressão começou pejorativa, e assim continuou por um bom tempo, se referindo às faltas ao trabalho depois do Dia de Ação de Graças, por exemplo.

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No mundo do consumo, a expressão “Black Friday” foi aparecer na década de 1950. Mas o nome não veio dos vendedores e comerciantes, e sim dos policiais da cidade de Filadélfia, na Pensilvânia.

Como a historiadora Nancy Koehn explicou, em entrevista à NBC News, os agentes da lei estavam reclamando do caos na cidade no dia após o feriado de Ação de Graças.

Muitas pessoas estavam ou voltando das casas de suas famílias, ou indo para Filadélfia para assistir ao jogo clássico de futebol americano universitário no sábado. O trânsito local ficava congestionado, e as lojas começaram a aproveitar o caos para abrir mais cedo, fazer promoções e atrair a clientela presa nos carros.

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O termo começou a ser usado no país todo para descrever o comportamento consumista na data. As promoções de Black Friday foram virar uma tradição nacional só na década de 1980, se espalhando pelo país e levando o nome junto. Alguns comerciantes até tentaram trocar “black” por “big”, mas não deu certo.

Para contornar o nome pejorativo, uma nova história de origem foi criada. Antes da temporada de Natal, as lojas estariam todas “no vermelho”, em dívida.

Com as promoções depois do Dia de Ação de Graças e as compras para o fim de ano, elas passariam para “o preto”, cor de tinta usada para marcar os lucros (no Brasil, a expressão correlata é “ficar com as contas no azul”).

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Se você for fazer compras nessa semana, cuidado para não deixar as lojas no azul e ir você mesmo para o vermelho.

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