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Quem mudou a palavra que estava aqui?

Química tem a ver com alquimia? O que cosméticos têm a ver com caos? Precário vem de prece? Ametista cura ressaca? Há milhares de palavras que nem de longe lembram o seu sentido original. Conheça a origem de algumas delas.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h20 - Publicado em 31 mar 2001, 22h00

Max Gehringer

Ametista

Os gregos de 3 000 anos atrás se surpreenderiam ao saber que usamos essa pedra azul-violeta como um adorno e a guardamos numa caixinha de jóias. Para eles, a ametista era um amuleto para prevenir ressaca. Daí o nome: a, “sem”, e methystos, “embriaguez”.

Assassino

O mais antigo alucinógeno que se conhece é o haxixe, extraído das folhas do cânhamo. Há 18 séculos, os árabes já ficavam doidões mascando suas folhas. Acontece que algumas tribos árabes tinham também o hábito de torturar os inimigos capturados. E faziam isso em clima de festa, mascando haxixe. Essas tribos ficaram conhecidas como “comedoras de haxixe”, que, em árabe, se escreve hash-shas-hin, origem da palavra “assassino”.

Canário

O simpático passarinho amarelo tem nome de cachorro. Quando chegaram ao que hoje são as Ilhas Canárias, os romanos ficaram surpresos com a quantidade de cães selvagens que encontraram. Por isso, chamaram o arquipélago de insula canaria, “a ilha dos cães”.

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Companhia

As empresas estão ficando cada vez mais impessoais e, além disso, a própria expressão “Companhia Limitada” não deixa de ser uma afronta ao sentido original da palavra. Em latim, cum, “junto”, e panis, “pão”, significava “vamos repartir o pão”. Pois é. Tudo mudou, desde as relações até o cardápio…

Cosméticos

A palavra grega para “ordem” era kosmos. Seu oposto era kaos, “bagunça”. Ao pé da letra grega, toda a parafernália hoje disponível de maquiagem e de produtos cosméticos serviria para consertar uma situação caótica. É claro que todos nós discordamos veementemente do sentido grego e ficamos com a definição atual de “realçar ainda mais o que já é belo”.

Dizimar

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Um caso típico de exagero numérico. Se a gente lê que uma população foi “dizimada”, o que se entende é que não sobrou quase ninguém, quando, na verdade, deveriam ter sobrado exatos 90%. “Dizimar” vem do latim decimo, “dez”. Quando havia alguma rebelião em suas legiões, os romanos executavam um de cada dez soldados.

Formidável

Quando alguém nos diz que um trabalho que apresentamos é formidável, nós agradecemos o elogio. Há 1 000 anos, teríamos ficado deprimidos. Porque, então, formidare queria dizer “assustar” em latim. A mesma coisa aconteceu com “um assombro”, que hoje quer dizer “uma maravilha” e antigamente era só sinônimo de “tenebroso”.

Ginástica

Quem decide malhar numa academia de ginástica sabe que vai ter, entre outras coisas, que gastar uma boa grana com equipamentos e roupas especiais. Os gregos achariam isso um desperdício total de dinheiro, porque a palavra gymnos queria dizer, pura e simplesmente, “nu”. E gymnazo, de onde derivou “ginástica”, era “treinar pelado”.

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Histérica

Para os gregos, as mulheres eram emocionalmente mais instáveis que os homens e, na falta de uma explicação mais científica, atribuíram essa instabilidade ao fato de elas possuírem útero, ou hystera.

Idéia

Se hoje “ter uma idéia” quer dizer “pensar”, no tempo dos antigos gregos queria dizer exatamente o oposto: id em grego era “ver”, e idea era alguma coisa “enxergada” com os próprios olhos. Alguém que não conseguisse “ter idéias” era, portanto, cego. Nós devemos aos filósofos essa idéia de que idéia é uma abstração. Santa filosofia!

Insulto

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Um ataque físico é uma agressão, enquanto um ataque moral é um insulto. Mas houve um tempo em que o insulto era exatamente o mais físico dos ataques: a palavra vem do latim in, “em cima” e salio, “pulo”. Insultar era, literalmente, voar no pescoço do oponente. Quem disse que não estamos ficando mais civilizados?

Medíocre

Esse termo difamatório e seu irmão, “ordinário” eram, até há bem pouco tempo, usados com o sentido de “normal”. Ordinário é algo que está em ordem e medíocre é qualquer coisa que se situa na média. A mudança é o reflexo da competição acirrada dos tempos modernos: hoje em dia, ser igual aos outros ou atuar na média é uma tremenda desvantagem.

Nepotismo

A prática de arrumar uma boquinha para os parentes ganharem um troco sem precisar fazer muita coisa é um hábito antigo. O que mudou foi o grau de parentesco: nepotis era “sobrinho” em latim. Hoje, vale qualquer parente, até primo em quinto grau.

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Precário

Precis, em latim, era “oração”, ou “prece”. Antigamente se acreditava que algo conseguido precariamente, ou seja, através da fé, era mais do que sólido. A mudança no sentido da palavra mostra que, com o tempo, os povos foram se convencendo de que ter fé é bom, mas insuficiente: além de rezar, é preciso fazer algo mais prático para conseguir se aprumar na vida.

Químico

Os árabes passaram séculos tentando encontrar uma maneira de transformar metais em ouro puro. Da palavra árabe para “ouro” al-kimia, derivaram duas ciências: a própria alquimia, meio esotérica, e a química, mais científica, que se expandiu e hoje parece capaz de transformar qualquer coisa em qualquer coisa, menos metais em ouro.

Senador

A palavra latina senex quer dizer “velho”. É dela que vem, por exemplo, “senil”. Aqueles que conseguiam chegar à velhice sem caducar passavam a ser considerados sábios. E os povos antigos respeitavam esses velhinhos, tanto que eram reunidos numa espécie de Clube da Terceira Idade, a quem os jovens iam pedir opiniões e conselhos. Daí vieram os “senadores”, ou “associação de velhos”.

Sarcófago

Impressiona perceber que os sarcófagos egípcios conservaram as múmias quase intactas por milhares de anos. Mas os egípcios atribuiriam esse fato a uma falha de projeto. A palavra vem do grego sarx, “carne” e phagein, “comer”. Ou seja, a finalidade do sarcófago não era a de preservar o corpo do falecido, mas a de facilitar sua decomposição. Ou então, se não for isso, quem inventou a palavra estava falando grego…

Virilidade

Pra ver como antigamente tinha um pessoal bem machista… Virtus, em latim, era “virtude”. Por exemplo, falar com perfeição, ter excelentes padrões de moralidade, combater com coragem. A “virilidade”, ou a soma das virtudes, tanto se aplicava ao homem quanto à mulher. Mas aí o tempo foi passando, passando e “virilidade” se tornou sinônimo de “masculino”. Para a mulher, teve que ser criada a variação “virtuosa”.

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