Tá na mesa
DVD e livro discutem o impacto causado pela carne processada - no ambiente e na sociedade.
Texto Pedro Burgos
Em um momento do filme Nação Fast Food, o personagem de Bruce Willis solta: “Todo mundo tem de comer um pouco de cocô na vida”. Ele se refere à mistureba que compõe o hambúrguer industrializado, que, em sua lista de ingredientes, conta com partes do intestino dos bois. Segundo uma pesquisa do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), 78,6% da carne processada no país é contaminada por micróbios originários das fezes que estavam no intestino dos bichos. A partir dessa informação, o filme do americano Richard Linklater – que agora chega em dvd – apresenta um relações-públicas de uma rede fictícia de lanchonetes tentando descobrir por que os sanduíches vêm acompanhados de alguns coliformes fecais – que, é bom lembrar, também podem ser encontrados em qualquer comida e de qualquer lugar, até mesmo num singelo pé de alface mal lavado. O que ele acaba encontrando é o impacto ambiental causado pela indústria de carne processada. Da contaminação dos rios próximos às fazendas ao emprego de imigrantes ilegais nos açougues, passando, é claro, pelos maus-tratos aos animais antes do abate. Linklater consegue mostrar tudo isso sem pregações a favor do vegetarianismo ou contra as redes de fast food – apenas deixa claro de que forma esse tipo de alimentação pode causar estragos no ambiente. Vale também ler País Fast Food, best seller escrito pelo jornalista Eric Schlosser, em 2001, que serviu de base para o filme. Pesquisador experiente, Eric vai fundo nos motivos que fizeram as redes de refeições rápidas conquistar os EUA e depois o mundo. Os métodos revelados não são lá muito louváveis.
Nação Fast Food
Richard Linklater, Focus Filmes, 2007, R$ 69
País Fast Food
Eric Schlosser, Editora Ática, 2001, 450 páginas, R$ 34,90