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Templo descoberto no México revela como os astecas faziam sacrifícios humanos

As execuções em nome do deus Xipe Totec aconteciam durante um festival conhecido como Tlacaxipehualiztli -- que significa "esfolamento dos homens”

Por Ingrid Luisa
4 jan 2019, 18h13

Muitas civilizações pré-colombianas fizeram sacrifícios humanos. Mas, como várias delas não deixaram registros escritos, as teorias sobre como aconteciam esses rituais são baseadas apenas nos relatos dos colonizadores. Agora, vestígios físicos de um templo recém-descoberto no México podem ajudar a solucionar esse mistério. A edificação foi construída em homenagem ao deus Xipe Tótec, o “Lord Esfolado”, a principal divindade a quem eram dedicados esses sacrifícios.

Xipe Totec está entre as mais antigas divindades pré-colombianas conhecidas. Acredita-se que ele tenha sido adorado por muitas culturas antigas, incluindo os astecas. Era venerado como o deus da primavera, do renascimento, da libertação e da fertilidade. Apesar de Xipe Totec estar no cânone dos deuses pré-colombianos, é a primeira vez que arqueólogos encontram um templo inteiramente dedicado a ele.

A edificação tem 12 metros de largura por 3,5 de altura, foi erguida entre os anos 1000 d.C e 1260 d.C., e está localizada no sitio arqueológico de Ndachjian–Tehuacán, em Puebla, no México. Os arqueólogos afirmam que a etnia Popolocas construiu o templo, mas pouco tempo depois foi dominada pelos astecas.

Os sacrifícios para Xipe Totec aconteciam durante um festival conhecido como Tlacaxipehualiztli — que significa, ao pé da letra, “esfolamento dos homens”. De acordo com um antigo mito, o deus estendia sua pele sobre a terra durante a primavera, renovando o solo com nova vegetação. Por isso, no festival, tirava-se a pele de humanos em uma cerimônia que simbolizava o renascimento, a fertilidade e a alternância das estações.

Como os sacrifícios realmente aconteciam é incerto, mas as formas arquitetônicas do novo templo encontrado corroboram a teoria de que as vítimas eram mortas em combate com outros guerreiros ou por flechas em uma plataforma — e depois eram degoladas em outra. Acredita-se que essas plataformas eram altares para os astecas. Após o sacrifício, os sacerdotes vestiam as peles dos mortos.

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O templo também guardava artefatos reveladores: esculturas encontradas em seu interior parecem personificar o próprio Xipe Totec, representado por duas cabeças degoladas e, ao lado delas, um tronco coberto de pele originária de sacrifícios. Os arqueólogos afirmam que as peças foram esculpidas com a rocha vulcânica riolito, não encontrada naturalmente na região. Isso sugere que a imagem possuía grande valor, já que o material para construí-la teria sido importado de outros lugares da América Central.

Curioso também é que o tronco que representa Xipe Totec possui uma saia de penas — algo não muito comum em divindades pré-colombianas, principalmente as masculinas. A estátua também possui uma mão direita pendurada no braço esquerdo, que representa a mão de uma pessoa sacrificada.

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“É uma peça muito bonita. O tronco mede aproximadamente 80 centímetros de altura e tem um buraco na barriga que teria sido usada para colocar uma pedra verde e ‘dotar a divindade de vida’ durante as cerimônias”, afirma o arqueólogo Luis Alberto Guerrero, que participou da descoberta.

Já as cabeças têm 70 centímetros de altura e pesam 200 quilos. Acredita-se que fossem usadas ​​para cobrir buracos no chão em frente ao altar, onde a pele de sacrifícios humanos seria colocada, depois de ser usada pelos sacerdotes. Confira mais imagens aqui.

O Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) do país comemorou a descoberta: segundo eles, a essa altura das escavações arqueológicas na região, é muito raro encontrar um novo templo inteiro — o mais comum são estátuas de divindades ou outros vestígios menores. Ainda falta explorar alguns locais do templo, mas a perspectiva é de que mais evidências dos sacrifícios humanos, ainda tão obscuros e curiosos, sejam encontradas.

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