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“Todo mundo saberá meu nome. Vão se lembrar de mim”

Andreas Lubitz sofria de depressão. Até que, no dia 24 de março de 2015, decidiu se matar – e levar junto seus passageiros.

Por Redação Super
Atualizado em 10 jan 2020, 16h36 - Publicado em 8 jan 2020, 14h43

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A vida parecia auspiciosa para Andreas Lubitz, copiloto da Germanwings, uma empresa aérea de baixo custo pertencente ao grupo Lufthansa. Aos 27 anos, ele tinha um bom emprego e um apartamento de 120 metros quadrados. Por trás da aparência bem-sucedida, contudo, havia uma mente atormentada. Vítima de depressão crônica, Lubitz decidiu pôr fim à própria vida de maneira morbidamente memorável. Em uma terça-feira, 24 de março, ele auxiliava a pilotagem de um Airbus A320, indo de Barcelona, na Espanha, para Düsseldorf, na Alemanha. Além dos dois pilotos, havia 144 passageiros e quatro tripulantes a bordo. Foi essa a ocasião escolhida por Lubitz para mergulhar em direção à morte.

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Trancado no cockpit, o copiloto jogou o Airbus nos Alpes. (Stringer/Getty Images)

Às 9 e meia, após 20 minutos de viagem, o o comandante saiu da cabine, provavelmente para ir ao banheiro, deixando Lubitz sozinho no comando. Ao retornar, três minutos depois, o comandante encontrou a cabine trancada. “Abra a porta”, ordenou, com o tom de voz calmo, pelo interfone de fora do cockpit. Lubitz não respondeu.

No momento em que o comandante saíra da cabine, às 9 e meia, Lubitz apertou o botão com o comando LOCK (“trancar”) no painel de controle. Agora, ninguém poderia abrir a porta pelo lado de fora. Até o 11 de Setembro, esse botão não existia. Foi criado para impedir que terroristas entrem na cabine. Mas, no voo da Germanwings, a medida de segurança saiu pela culatra.

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Após trancar a porta, Lubitz deu início ao mergulho. A aeronave começou a descer, com as turbinas ajustadas para a velocidade de 700 quilômetros por hora. Os passageiros não perceberam que estavam prestes a morrer (até porque esse ritmo não é tão diferente da velocidade normal de cruzeiro, 900 km/h). Às 9 horas e 39 minutos, as gravações registram um forte ruído metálico contra a porta blindada da cabine. Provavelmente, era o comandante tentando arrombar a porta. Os passageiros devem ter ouvido aqueles sons estranhos, mas continuavam em silêncio. E Lubitz também.

A descida durou dez minutos. Durante todo esse tempo, o copiloto não disse uma única palavra. Por volta das 9 horas e 41 minutos, gritos de desespero e horror estouraram lá atrás. Segundo a investigação conduzida pelas autoridades francesas, foi apenas nesse instante que os passageiros perceberam o desastre iminente. Segundos depois, o avião explodiu contra a montanha.

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Os passageiros só se deram conta da situação nos últimos segundos antes do impacto. (imagem Principal Associated Press / Zoom Lionel Bonaventure / AFP/Montagem sobre reprodução)
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“E todos vão se lembrar de mim”

Desde criança, Lubitz era fanático por aviação. Seu grande sonho era se tornar um capitão da Lufthansa. A depressão, contudo, sempre o acompanhara. Em 2008, a agência psiquiátrica responsável por avaliar a saúde mental dos aviadores alemães revogou temporariamente sua licença para voar. Algum tempo depois, a habilitação foi devolvida, com a condição de que ele fizesse testes regulares. Em 2013, conseguiu ser aceito como copiloto na Germanwings.

Poucos meses antes do desastre, contudo, a depressão voltou a atacar. O psiquiatra de Lubitz concluiu que ele deveria parar de voar. Andreas escondeu da companhia a opinião do médico. Em junho de 2014, contudo, teria de passar por uma reavaliação médica feita pela própria companhia. Para não ter a licença cassada, resolveu acabar com a própria vida antes. “Vou fazer algo que mudará o sistema”, disse a uma ex-namorada alguns meses antes do desastre. “Todo mundo saberá meu nome. Vão se lembrar de mim.”

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