Volte sempre, Zé

Se você está impressionado com esse currículo, espere até saber de todas as celebridades que ele namorou. Não vou citar os nomes para não parecer que elas são troféus em sua parede.

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Atualizado em 31 out 2016, 18h25 - Publicado em 28 fev 2003, 22h00

Adriano Silva Diretor de Redação

Nos anos 70, adolescente, ele estava na Grã-Bretanha assistindo aos primeiros shows de David Bowie e Lou Reed. Nos 80, de volta ao Brasil, fundou e dirigiu a lendária revista Bizz, de música e cultura pop, que marcou uma geração inteira. Freqüentava de terça a domingo a frenética noite de São Paulo. Atraía gente para os lugares com a sua simples presença. E, mais que testemunha ocular, ele foi partícipe da explosão do rock nacional – era o líder da banda Chance, que atacava no underground paulistano.

Se você está impressionado com esse currículo, espere até saber de todas as celebridades que ele namorou. Não vou citar os nomes para não parecer que elas são troféus em sua parede. Não são. Estamos falando de um fauno sensível, de um príapo delicado, de um Don Juan cheio de ética e escrúpulos. Estamos, enfim, falando de Scott. Ou José Augusto Lemos. Ou, simplesmente, Zé.

Aos 44 anos, há três como editor especial da Super, Zé é um ídolo para muitos colegas na redação. E não só pelo seu admirável e irritante cartel de lutas e vitórias. Zé é uma espécie de lenda-viva do jornalismo e da cena pop brasileira. Na Super, ele editou tão bem a seção “Superintrigante”, foi tão exitoso com seus “mistérios históricos, revoluções tecnológicas, assombros científicos e maravilhas da natureza”, que só nos restou dar-lhe a missão de trazer à luz Mundo Estranho, o primeiro filhote da Super, a revista mensal das mil e uma curiosidades.

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Zé está nos deixando. Vai se mudar para o coração da Floresta Amazônica. Fiz tudo que pude para impedi-lo. Mas não deu jeito. (O consolo é que ele continuará escrevendo matérias para a Super, notas para Mundo Estranho e livros para a coleção “Para Saber Mais”.) De todo modo, sentiremos muita falta do seu excepcional talento para a edição. Aprendemos muito com seus títulos inspirados, com as legendas bem urdidas, com os textos enxutos e altamente informativos. Pelas mãos artesanais do Zé, Mundo Estranho se tornou a revista com a maior taxa de conhecimento por centímetro quadrado da imprensa mundial. Por todas as alegrias que você deu aos nossos leitores, Zé, receba a minha eterna gratidão. E volte sempre!

Tinha duas outras coisas para dizer este mês. Mas, em respeito à despedida do Zé, ficarei em silêncio. Não direi, por exemplo, que o período de inscrições para o concorrido Prêmio Super Ecologia 2003 chega ao final no último dia de março. O objetivo do Prêmio Super, em sua segunda edição, é apresentar à sociedade brasileira os mais inteligentes e eficientes projetos ambientais em seis categorias: ar, água, solo, flora, fauna e comunidades. Se você pertence a uma dessas empresas, governos e ONGs que estão ajudando a salvar o Brasil, inscreva-se já. O país precisa conhecer e reconhecer as pessoas que trabalham por ele.

Também não direi que a terceira edição de Vida Simples está nas bancas. E de cara totalmente nova – edição primorosa, em papel couché, com lombada quadrada e 82 páginas cheias de idéias para você ser mais feliz e viver mais e melhor. Imperdível. (Zé está preparando um artigo sobre desapego e impermanência para a edição 4 de Vida Simples: ele conta como se desfez, com alma leve, da sua coleção de 5 000 vinis, cheia de raridades. Igualmente imperdível. Ao adquirir o seu Vida Simples de março, portanto, reserve já o de abril.)