A vaca e a camada de ozônio

João Paulo Gomes, de Juscimeira (MT)

Como aumentar a lucratividade de uma fazenda, melhorar a qualidade de vida de quem trabalha lá e, ainda por cima, preservar o ambiente ? A equação parece complicada, mas pode ter uma resposta simples. A solução apresentada pelo Sistema Manejão deixa de lado gastos com tratores de última geração e adubos químicos para estimular uma mudança de atitude no campo e a adoção de uma filosofia que harmonize sociedade, mercado e natureza.

Idealizado há 15 anos pela empresa goiana Visão Agronegócios, o Manejão é desenvolvido por uma equipe multidisciplinar que envolve agrônomos, biólogos e até psicólogos em uma batalha para mudar velhos hábitos – muitas vezes nocivos ao ambiente – de quem faz agropecuária. A Visão presta seus serviços em 200 propriedades de nove estados brasileiros.

Uma dessas propriedades é a Fazenda Quero-Quero, 200 quilômetros ao sul de Cuiabá, um exemplo de que a filosofia do Manejão não é conversa para boi dormir. Em 1998, a propriedade dedicada à criação de gado aderiu à nova filosofia e, seguindo o conselho dos técnicos da Visão, adotou um sistema de pastagens arborizadas. O proprietário Elmer Rahal deixou de lado o trator – reduzindo a poluição do ar – e permitiu que a vegetação nativa voltasse a aparecer aos poucos.

“Os vizinhos estranharam, disseram que eu estava ficando louco”, diz. Mas, fazendo as contas, os resultados mostraram que a mudança valeu a pena. Em apenas 12 meses, os gastos com a manutenção das pastagens da fazenda caíram 35%, enquanto o preço da arroba do gado subiu 10%.

Ao mesmo tempo em que ajuda a reduzir o nível de gases de efeito estufa na atmosfera, as árvores no pasto criam sombra, na qual surge um capim de maior qualidade. Esse capim é macio mesmo nas épocas mais secas. Com ele Elmer conseguiu deixar as pastagens livres da uréia, um derivado de petróleo utilizado para facilitar a digestão do gado. Rica em amônia, a uréia contribui muito para a destruição da camada de ozônio. “O pasto melhorou tanto que o gado até ficou mal acostumado. Agora eles só querem capim do bom”, diz Elmer, em meio a mugidos de satisfação.

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