Os mais recentes números são também os mais alarmantes: é bem maior que se pensava o estrago na camada de ozônio que, presente no alto da atmosfera, protege a vida na terra contra os raios ultravioleta do Sol. Atacada por substâncias artificiais, a camada está se esgarçando em inúmeros pontos do Hemisfério Norte – da Rússia à Alemanha e ao Canadá – e não apenas sobre a Antártida, como parecia ser o caso até agora. Até meados do ano, as novas regiões afetadas podem perder até 40% de seu ozônio. É o que os cientistas deduzem de dados colhidos, desde o fim do ano passado, pelo antigo avião-espião ER-2 e pelo satélite UARS, ambos americanos. Mesmo que não se abram verdadeiros buracos na camada protetora ainda este ano, isso poderá ocorrer um ou dois anos mais tarde.
Essa situação, de acordo com uma extensa reportagem de capa, publicada pela revista americana Time em fevereiro, pode levar a um corte antecipado na produção dos clorofluorcarbonos, ou CFCs. Com inúmeras aplicações – como em geladeiras, aparelhos de ar condicionado e solventes –, esses compostos químicos são vistos como os principais causadores de danos à atmosfera. Sua produção, tal como rezam os acordos internacionais vigentes, deveria ser interrompida no ano 2000. Mas existe forte pressão para que a data-limite seja fixada, no mais tardar, até 1995 ou 1996. Muitas empresas, por conta própria, já estão trabalhando com esse prazo.
Laboratórios do mundo inteiro apressam o desenvolvimento final de inúmeras tecnologias alternativas. Uma solução de impacto – promover a refrigeração por meio de ondas sonoras – foi apresentada este ano pelo laboratório Nacional de Los Alamos, Estados Unidos. As geladeiras atuais eliminam calor pela descompressão de um gás da família dos CFCs, mas podem começar a usar o novo equipamento. É claro que as inovações demandam tempo, especialmente porque dependem mais de vontade política e menos de competência tecnológica. Enquanto isso, a situação do planeta se agrava: o tempo é crucial porque os CFCs agem ao longo prazo e já estão estocados na atmosfera na quantidade não desprezível de 350 milhões de toneladas. A boa notícia, porém, é que, sob pressão dos fatos, as decisões começam a amadurecer.