A vida e as crueldades de Kim Jong-il, ditador da Coreia do Norte
As decisões erradas desse tirano causaram uma crise de fome que matou 2 milhões de pessoas
FICHA CRIMINAL
Nome Kim Jong–il (1941/1942-2011)
Local de atuação Coreia do Norte
Mortes Mais de 2 milhões (indiretamente)
1) Kim Jong–il nasceu em 16 de fevereiro de 1942, no sagrado Monte Paektu, no norte da Coreia – sob a presença de uma estrela cadente e um arco-íris duplo. Mas essa, claro, é a versão oficial do governo. Registros russos, mais aceitos por historiadores, dizem que ele nasceu na Sibéria, em 1941, quando seu pai, Kim Il-sung, liderava a resistência local contra o Japão na 2ª Guerra Mundial.
2) Após a derrota japonesa em 1945, seu pai assumiu o governo provisório no norte da península coreana, com apoio soviético. Na infância, Jong–ilgostava de brincar de soldado, “matando” rivais nipônicos, ou fazer bagunça com o irmão mais novo, Kim Man-il. Mas o caçula morreu afogado na piscina de casa – e muitos atribuem a tragédia (mesmo sem provas) a Jong–il.
3) Após a 2ª Guerra, a península da Coreia foi dividida em duas: a do Sul, com apoio dos EUA, e a do Norte, com assistência chinesa e soviética, batizada de República Popular Democrática da Coreia. Em 1950, elas travaram a Guerra da Coreia, com ocupações de ambas as partes e 3 milhões de mortos. Não houve vencedores: um armistício foi assinado em 1953.
4) Il-sung se consolidou como líder supremo da Coreia do Norte. Com mão de ferro, ele implantou a Juche, ideologia que defendia a economia planificada, uma forte estrutura militar e o culto à sua personalidade. Jong–il, então na adolescência, se esforçava para agradar o pai, aproximando-se da política e participando de ligas estudantis.
5) Sua ascensão ao poder começou de fato em 1973, quando se tornou secretário para a organização, orientação e assuntos de propaganda do Partido dos Trabalhadores da Coreia (o principal do país). E nem mesmo a fama de playboy – com prostitutas a tiracolo – impediu que tivesse mais influência nas decisões do pai, que o formalizou como seu futuro sucessor, anos depois.
6) Em 1978, Jong–il sequestrou um casal de cineastas da Coreia do Sul com a intenção de melhorar a produção cinematográfica norte-coreana. Não foi seu único ataque ao vizinho. Suspeita-se que, em 1983, ele tenha planejado o atentado a bomba contra uma delegação sul-coreana na Birmânia (15 mortes) e, em 1987, a explosão de um avião da Korean Airlines (115 mortes).
7) Nenhuma dessas suspeitas, porém, foi suficiente para abalar seu capital político. Gerindo o governo ao lado do pai há anos, Jong–il finalmente assumiu a liderança do país em 1994, quando Kim Il-sung faleceu, vítima de um ataque cardíaco. No entanto, Jong–il só consolidou seu poder em 1997, quando se tornou secretário-geral do partido.
8) Adorado, temido e recluso, o ditador perpetuou uma vida luxuosa para si e sua família, enquanto a população vivia na miséria. Em meados da década de 1990, a errônea manutenção do sistema Juche, a queda da União Soviética e problemas climáticos provocaram a Marcha Árdua, uma grave crise de fome que vitimou em torno de 2 milhões de norte-coreanos.
9) Como o pai, Jong–il restringiu direitos. Aos opositores, dava duas opções: a morte ou os campos de trabalho forçado. Milhares de pessoas foram presas e obrigadas a trabalhar entre 12 e 15 horas, à base de tortura e péssima alimentação. Até os familiares dos condenados eram levados para “eliminar o mal pela raiz”. Ainda hoje o governo nega a existência desses campos.
10) Com a justificativa de impedir ataques externos, também continuou a investir nas Forças Armadas (hoje, o quarto maior exército do mundo em contingente) e no programa nuclear de seu pai. Entre negociações, ameaças e sanções do resto do mundo (principalmente dos EUA), a Coreia do Norte abandonou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e fez testes desse tipo em 2006 e 2009.
QUE FIM LEVOU?
Vítima de um ataque cardíaco, morreu em 17 de dezembro de 2011. O corpo foi embalsamado e está exposto em um mausoléu de Pyongyang, com o corpo do pai.
FONTES Sites The Telegraph, The New York Times, The Guardian, Human Rights Watch, GUIA DO ESTUDANTE, VEJA, EXAME, Aventuras na História, Terra, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, Público, BBC e página oficial da República Popular Democrática da Coreia