Não. Essa classe de guerreiros especializada em artes marciais e na luta com espadas desapareceu nas últimas décadas do século 19. Na verdade, o sumiço desses combatentes coincide com o fim do feudalismo e a chegada do capitalismo ao Japão, um processo que começou há apenas 132 anos, com o início da modernização nipônica. Até então, o país ainda era basicamente agrário e nele pipocavam conflitos de terra. Nessas brigas, os samurais consolidaram-se como a classe de guerreiros que defendia os senhores feudais. Essa situação durou até o século 17, quando a família Tokugawa conseguiu concentrar quase todo o poder no campo. Com isso, as guerras entre os proprietários praticamente acabaram e os samurais foram perdendo sua função militar. Por sua educação refinada e por serem os únicos japoneses autorizados a portar armas, eles ainda desfrutavam de grande prestígio na sociedade.
Sustentados pelos impostos pagos pelos servos, eles passaram a viver no luxo e no ócio, dedicando-se à arte e à literatura. A vida boa durou até 1872, quando os governantes interessados em transformar o Japão em uma potência capaz de concorrer com o Ocidente tentaram varrer qualquer vestígio do passado feudal. “Em dezembro daquele ano, o imperador Meiji anunciou a criação de um exército de 36 mil homens, composto por jovens japoneses de 20 anos de idade. Na prática, isso acabou com os privilégios dos samurais como classe guerreira do país”, afirma a historiadora Célia Sakurai, do Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, em São Paulo. Apesar das reformas, o prestígio desses brigões permaneceu em alta por muitas décadas. “Até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a classe dirigente do Japão ainda era predominantemente preenchida pelos descendentes das famílias dos antigos samurais”, diz Célia.
1854
Depois de mais de dois séculos de isolamento, o Japão abre dois portos ao comércio internacional. Dirigentes nipônicos passam a defender a modernização do país para enfrentar a força das potências ocidentais
1868
O jovem Matsuhito, de 14 anos, é coroado com o nome de imperador Meiji e recupera os poderes imperiais tradicionais. O governante estabelece reformas para modernizar o Japão entre elas, o fim da casta de guerreiros samurais
1872
O imperador Meiji cria uma nova força militar com jovens recrutados entre a população. Guerreiros descontentes lideram rebeliões, mas são rapidamente derrotados. Nos anos seguintes, a profissão de samurai desaparece
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