Alguma pessoa com deficiência já foi medalhista nos Jogos Olímpicos comuns?
Várias. Até a introdução dos Jogos Paraolímpicos, em 1960, era comum que atletas com deficiência – amputações, principalmente – disputassem de igual para igual.
Já. E mais de um. No fim do século 19, o americano George Eyser perdeu a perna esquerda num acidente de trem. Mas continuou fazendo o que sabia melhor, ginástica. E como sabia: ganhou três ouros em Saint Louis, em 1904, competindo com uma perna de pau: em barras paralelas, subida na corda e (ninguém sabe se com ou sem a complacência dos juízes) no salto sobre o cavalo.
Outro caso foi o do arremessador americano de beisebol Jim Abbott, que nasceu sem a mão direita. Além de vencer o preconceito e os times adversários na Olimpíada de Seul, em 1988, acabou no time dos Yankees, de Nova York. Outros não ganharam, mas tiveram desempenhos surpreendentes. A americana Marla Runyan, por exemplo, tinha cegueira parcial e ficou em oitavo nos 1.500 metros em Sydney-2000. À sua frente, as concorrentes surgiam como borrões de luz. Borrões que Marla fazia comer poeira.
Conheça alguns outros nomes.
Károly Takács
Muitos achavam que a carreira do atirador húngaro Károly Takács tivesse chegado ao fim em 1938, quando uma granada explodiu em sua mão direita durante exercícios militares. Ele não. Destro, treinou para usar a mão esquerda. E foi ouro na pistola em Londres-48 e Helsinque-52.
Olivér Halassy
Desavisados que assistiam ao time de pólo aquático da Hungria, ouro em Los Angeles-32 e Berlim-36, reparavam apenas na quantidade colossal de gols que ele fazia. Só quando a partida acabava o público percebia que sua perna direita era amputada abaixo do joelho.
Murray Halberg
Durante uma partida de rúgbi, em 1950, o neozelandês perdeu os movimentos do braço esquerdo. Impedido de jogar seu esporte preferido, passou a correr. Em Roma-60, ganhou o ouro nos 5 mil metros. E passou a se dedicar à causa das crianças com deficiência. Em 87, ganhou o título de “Sir” do governo britânico.
Harold Connolly
Conolly era um jogador de futebol americano que treinava arremesso de martelo para fortalecer o braço. Após sofrer várias fraturas nos campos, ficou com o braço esquerdo 10 cm menor. Desistiu do futebol. Mas não do martelo. E acabou com o ouro em Melbourne-56.