Com um laser, o médico modela a córnea – a lente que fica bem na frente dos nossos olhos -, deixando-a mais plana. Assim, a imagem se forma exatamente sobre a retina, o que não acontece no olho míope . O mesmo laser também pode ser usado para corrigir a visão de pacientes com hipermetropia e astigmatismo – a diferença é o local da córnea onde o laser atua. Cirurgias de correção de miopia começaram a ser feitas nos anos 70, mas, na época, o paciente literalmente entrava na faca: com uma lâmina e muita habilidade manual, o médico cortava a córnea como uma pizza, deixando o centro livre. “Esse método causava uma ação exagerada: o paciente ia perdendo grau até chegar ao zero e depois começava a desenvolver a hipermetropia”, diz o oftalmologista Élcio Sato, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Com o laser, a cirurgia ficou mais precisa e muito menos dolorosa, ainda mais depois que os médicos deixaram de aplicar a luzinha na parte externa do olho. Isso aconteceu em 1989, com a invenção do método Lasik – o mais usado hoje -, que abre uma tampinha no globo ocular para trabalhar direto na córnea, reduzindo as dores após a cirurgia. Mas o método ainda não é infalível. “De 100 pacientes operados, conseguimos reverter completamente a deficiência em 90. Nos outros 10, sobra algum grau”, diz Élcio. Isso acontece porque a cicatrização e a resposta da córnea ao laser podem variar de pessoa para pessoa. Aliás, não é qualquer um que pode encarar o laser: córneas muito finas, olhos muito secos, idade inferior a 21 anos (época em que o grau costuma se estabilizar) e doenças oculares são características que impedem a cirurgia. 🙂
Quatro olhos na mira do laser Em 20 minutos, o médico pode acabar com até 10 graus de miopia
1. A preparação da cirurgia é muito simples: o médico pinga umas gotinhas de colírio anestésico no olho do paciente e prende suas pálpebras com uma espécie de grampo (chamado de bléfaro) para evitar que ele pisque. Os pacientes que imaginam que o laser provoca dores horríveis costumam tomar um sedativo para relaxar antes da cirurgia
2. Hora de cortar o epitélio, a membrana que reveste a córnea. Para isso, entra em ação o microcerátomo, um aparelho de extrema precisão que pressiona o globo ocular e com uma lâmina corta uma tampa de 9 milímetros de diâmetro. Até há pouco tempo, a tampinha era retirada completamente, mas se descobriu que se ela ficar pendurada (como uma lata aberta) a cicatrização será muito mais rápida
3. Enfim, o laser é acionado, mas ele é rápido como um piscar de olhos: 30 segundos são suficientes para corrigir até 10 graus de miopia (o máximo que pode ser corrigido com a cirurgia). Nos míopes, o feixe de laser atinge o centro da córnea, enquanto nos hipermetropes, ele é apontado para as bordas. Nos dois casos ele remove uma parte do tecido corneano, razão pela qual pacientes com córneas muito finas não podem ser operados
4. Depois do laser, basta colocar a tampinha no lugar e acabou, não precisa nem dar pontos – o epitélio da córnea tem um poder de cicatrização incrível. Todo o processo não dura mais de 20 minutos e o paciente só não sai da sala de cirurgia enxergando 100% porque ainda sente o efeito do anestésico. Durante um mês não é recomendável praticar esportes, nadar e, claro, esfregar os olhos, mas, no dia seguinte à cirurgia, já dá para levar uma vida normal
Se você pensa que o laser é uma espécie de pistola manejada pelo médico, você está redondamente enganado. O feixe de luz ultravioleta é disparado por uma máquina grande que conta com um sistema de rastreamento: qualquer movimento do olho é acompanhado pelo laser (os aparelhos mais modernos correm atrás do olho 4 mil vezes por segundo). O médico “só” tem o trabalho de apontá-lo para o lugar certo (usando um tipo de joystick) e acioná-lo por um pedal