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Como é a lucha libre mexicana?

Tradição tem mais de 100 anos no país

Por Carolina Canossa
Atualizado em 7 mar 2024, 11h13 - Publicado em 8 ago 2014, 18h59

Trata-se de um verdadeiro show com uma série de lutas simuladas encenadas por atletas profissionais. Embora seja vista por muitos como um esporte, trata-se de uma atividade privada, sem confederação nacional, assim como é com o MMA. Os lutadores ensaiam os golpes e os resultados da luta são combinados – o que não impede que a lucha libre seja um fenômeno de público no México.

A tradição tem mais de 100 anos, mas só ganhou força local na década de 30, quando o mexicano Salvador Lutteroth Gonzalez criou, depois de ir aos EUA, a Empresa Mexicana de Lucha Libre (EMLL), atualmente chamada Consejo Mundial de Lucha Libre (CMLL). A liga disputa com a Asistencia Asesoría y Administración (AAA) o domínio do mercado no México, que ainda conta com pequenas entidades independentes. Com outros nomes, a atividade também movimenta milhões no Japão e nos EUA, onde a WWE é a maior representante.

LEIA MAIS

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Porrada ensaiada

As lutas são coreografadas, mas todo mundo se diverte

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LUTA DE CLASSES

As arenas parecem ginásios esportivos e o público que lota as cadeiras é um show à parte. Durante todo o espetáculo, a ala dos donos dos ingressos mais baratos ofende os compradores das entradas mais caras e vice-versa, com zoações que chegam a ser impublicáveis. Apesar disso, a rivalidade raramente descamba para a violência e a lucha libre é considerada um programa “família”

A OUTRA FACE

Ainda que nem todos usem, as máscaras são muito importante por darem personalidade ao luchador, cuja pior desonra é ter sua identidade revelada. Elas remetem ao povo asteca e, em algumas famílias, são passadas de pai para filho. De tempos em tempos, rolam “luchas de apuesta”, em que o perdedor é obrigado a mostrar o rosto ou cortar o cabelo

BEM CONTRA O MAL

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Os participantes de lucha libre são divididos em dois tipos: técnicos e rudos. Os primeiros são os “bonzinhos” e representam guerreiros astecas, santos e o trabalhador mexicano. Já os rudos são os bandidos, os corruptos e até os norte-americanos, que oprimem e discriminam a população do país. Mas vale dizer que nem sempre o bem triunfa

PAU MANDADO

Os resultados das lutas, em geral, são predeterminados, visto que elas precisam seguir um roteiro maior que vai ter consequências em futuros combates. É quase uma novela. Isso não significa que seja fácil: os luchadores têm rotina de atleta, pois precisam de muito preparo físico e treino para executar os movimentos característicos dos combates (confira alguns na próxima página)

BRIGA DE GANGUE

É muito comum uma luta ter mais de dois atletas ao mesmo tempo no ringue. Duplas, trios e até quintetos costumam se enfrentar, tornando a arena um desafio à capacidade de foco dos fãs. Nesses casos, ganha o time que imobilizar no chão a maioria dos adversários. Em certas lutas, o uso de objetos como escadas e cadeiras para derrotar o rival é permitido

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MARKETING É TUDO

As empresas dividem os atletas por categoria, como no MMA: peso leve, pesado, etc. Existem campeonatos para a definição dos campeões de cada peso, cujos vencedores recebem cinturões. Como os resultados são combinados, não existe um sistema de disputa claro: o atleta evolui conforme consegue “se vender” à torcida e aos organizadores, conseguindo lutas melhores

FOI PRAS CORDAS

Apesar de ser tudo combinado, há cinco formas de ser derrotado: ficar imobilizado com as costas no chão durante a contagem até 3 do juiz, ser mantido fora do ringue pelo rival por 20 segundos, anunciar desistência, ser desclassificado (por tirar a máscara do oponente, por exemplo) e, mais raro, “excesso de rudeza”, quando um está surrando demais o outro

Há mulheres lutadoras, mas poucas. A participação feminina se reserva mais às coreografias das animadoras de torcida

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Apesar das categorias, é comum ver lutas desproporcionais, como anões contra altões

Não raro, o título de campeão de uma categoria fica vago, porque o vencedor assina contrato com outra empresa ou vai lutar no exterior

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Guia da pancadaria

Os golpes são todos de mentirinha, mas são legais mesmo assim. Conheça os melhores

Caballo (Cavalo)

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O luchador surpreende pelas costas o rival deitado, agarrando seu pescoço com as duas mãos juntas e forçando-o para trás

Huracanrana (sapo-furacão)

O atleta coloca as pernas em torno do pescoço do outro e, mesmo estando de ponta-cabeça, consegue um impulso que faz o adversário dar uma cambalhota, levando-o ao chão

Cangrejo (Caranguejo)

A ideia é segurar as pernas do adversário que está embaixo de você e, em pé, puxá-las para trás até que ele se renda. Caso isso demore, vale fazer o mesmo segurando uma só perna

Plancha (prancha)

Consiste em subir nas cordas do ringue e se jogar com tudo em cima do rival, que está deitado com as costas no chão. Existe a versão “super”, em que o saltador parte do ombro de um ou dois amigos

Campana (sino)

Consiste em segurar com os braços as pernas do adversário, que até então estava deitado. Na sequência, agarram-se os braços dele com as mãos. Pronto, agora é só segurar o corpo do rival e balançá-lo

Tapatía (nascida em guadalajara)

Com o rival deitado de frente, o atleta pisa nas coxas dele e o puxa pelos braços. Na sequência, se joga de costas no chão ao mesmo tempo que ergue o adversário com a força das pernas

Considerado o maior luchador de todos os tempos, o técnico El Santo estrelou mais de 50 filmes. Morreu em 1984 e foi enterrado com sua máscara

Rudo mais famoso da história, Blue Demon era o grande rival de El Santo. Morreu em 2000 e seu filho adotivo hoje também luta

Zumbi Brasil é um paulista radicado no México que sobrevive como atleta independente. Mistura elementos de capoeira e samba

Fontes Lucha Libre Mexicana – Máscaras através do Tempo, de Julio Crespo, La Lucha Libre, trabalho feito para a Universidad Nacional Autónoma de México, sites How Stuff Works, CMLL, AAA e Superluchas.Net

Consultoria Zumbi Brasil, atleta de lucha libre, e Apolo Valdés, jornalista e editor de lucha libre do MedioTiempo.com

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