Como é feito um desenho animado em massinha?
Para fazer esse tipo de animação, é preciso tirar fotos de cada ação dos personagens e depois uni-las numa seqüência que dê ilusão de movimento.
É um trampo e tanto! Para fazer esse tipo de animação, é preciso tirar fotos de cada ação dos personagens e depois uni-las numa seqüência que dê ilusão de movimento. “Num bom dia de trabalho, dá para filmar no máximo cinco segundos de animação”, afirma Rafael Terpins, diretor de Batalha – A Guerra do Vinil, uma animação brasileira em massinha que passa às sextas-feiras no Cartoon Network.
Chamada de stop-motion (algo como “movimento parado”), essa técnica de filmar bonecos quadro a quadro é quase tão velha quanto o cinema: ela foi utilizada pela primeira vez no clássico The Humpty Dumpty Circus, um filminho de 1898 em que brinquedos de madeira articulados ganham vida. Hoje, a animação em massinha tem ares de superprodução. “Os produtores de A Fuga das Galinhas e da série Wallace & Gromit usam uma receita secreta de massinha nos bonecos. Já os bonecos de A Noiva Cadáver têm cabeças moldadas com silicone sobre engrenagens de relógio, que simulam músculos faciais”, diz Rafael.
Os caras de Batalha… também tiveram de suar: eles fizeram 28 bonecos e três cenários, num trabalho que levou três anos para ficar pronto. As filmagens começam neste mês e devem estar prontas em dezembro. “Para filmar 12 minutos, a gente deve tirar 8 640 fotos. É mesmo uma batalha!”, afirma Rafael.
Muito massa!
Animação brasileira usa 8 mil fotos para dar vida a bonecos
1. Uma animação em massinha nasce num trabalho conjunto. Um roteirista imagina a história e um desenhista rabisca os bonecos em duas versões: um desenho preto-e-branco, que serve de molde para o esqueleto, e um colorido, que é a base para a modelagem
2. Com o desenho preto-e-branco nas mãos, os artistas começam a criar o “esqueleto” dos personagens. Os “ossos” de arame de cobre são presos uns aos outros por meio de “juntas”, feitas com parafusos, porcas e esferas de inox, para dar mobilidade à estrutura
3. Esse esqueleto é jogado dentro de um molde de gesso que dá forma ao boneco de “massinha” – que é, na verdade, uma mistura de silicone com um pigmento que dá o tom da pele do personagem. Com a ação de um produto químico, a mistura endurece e cria o corpo do boneco
4. O boneco ganha roupas de pano e um toque de emoção: os produtores moldam vários tipos de olhos e sobrancelhas de acordo com uma tabela de expressões para transmitir alegria, tristeza etc. No caso das bocas, as expressões simulam ainda os principais sons da fala
5. Enquanto a equipe de modelagem de bonecos dá esse trampo todo, uma outra galera cria os cenários. No caso de Batalha – A Guerra do Vinil, o ambiente principal é uma favela de 3,70 por 2 metros, feita de madeira, papelão, gesso e resina a partir de uma planta em 3D projetada em computador
6. Lembra daquele cara que imaginou a história lá na legenda 1? Pois ele não ficou parado: ele criou os diálogos para a dublagem dos personagens e, em seguida, ajudou a montar o animatic, um desenho animado tradicional, em 2D, que serve como um rascunho do filme em massinha
7. Com o animatic em mãos, é hora de gravar! O desenho-rascunho já tem a dublagem dos personagens, os tempos e os ângulos da câmera em cada cena – ou seja, todo o material de referência para fotografar os bonecos e dar origem ao filme com massinha
8. Gravando! Com uma câmera digital, os cineastas tiram fotos dos bonecos. Na técnica stop-motion usada em Batalha…, são feitas 24 fotos para cada segundo de filme, o mesmo que no cinema. Cada foto é salva num arquivo digital e, depois, impressa numa película, dando origem a um rolo de filme
9. No rolo de filme, a seqüência dá a sensação de movimento. A parte visual da animação tá pronta. Por fim, num laboratório, a imagem é fundida no rolo de filme ao som das trilhas sonoras e da dublagem. Agora, é só rodar o desenho!
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