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Como é uma regata de volta ao mundo?

Por Artur Louback Lopes
Atualizado em 22 fev 2024, 11h18 - Publicado em 18 abr 2011, 18h47
Regata_Optimist,_Ribeira

Há vários tipos de corridas em torno do planeta a bordo de um barco. O que varia é o tipo de embarcação, o número de tripulantes, a rota percorrida e a duração da competição. As provas mais famosas são a Vendée Globe e a Volvo Ocean Race. Ambas acontecem de quatro em quatro anos – como a Copa do Mundo e as Olimpíadas -, mas essa é a única semelhança entre elas. A Vendée é disputada por navegadores solitários, que partem da costa da França, contornam a Antártida e voltam para o local da largada sem nenhuma escala no caminho – o campeão da última edição deu esse rolê em apenas 87 dias. Essa é talvez a prova mais difícil do iatismo, mas a Fórmula 1 dos mares é, sem dúvida, a Volvo Ocean Race. A competição dura oito meses – cruzando os oceanos Atlântico, Pacífico e Índico -, tem dez escalas ao redor do mundo, os barcos são os mais modernos do planeta e, para bancar essa estrutura toda, as equipes são patrocinadas por grandes empresas, que investem de 15 milhões a 20 milhões de dólares por equipe. Além disso, a Volvo (que até 1998 chamava-se Whitbread Round the World Race) é a competição de volta ao mundo mais antiga. A primeira edição rolou em 1973, organizada pela Marinha Real Britânica, que viu a regata como um ótimo desafio para os seus oficiais. De fato era um desafio e tanto: até aquele ano, menos de dez barcos tinham conseguido cruzar o cabo Horn (ao sul da América do Sul), que continua sendo o grande bicho-papão da prova, graças aos icebergs e às ondas de mais de 10 metros. No dia 5 deste mês, começa a nona edição da prova e, desta vez, temos um bom motivo para acompanhá-la: o Brasil estréia na competição com o barco Brasil 1.

Homens ao mar! Primeiro barco brasileiro na Volvo Ocean Race tem equipamentos de dez países e cinco tripulantes estrangeiros

TORRE DE BABEL

Sete barcos participam da prova deste ano: dois holandeses, um sueco, um americano, um espanhol, um australiano e um brasileiro. Mas, dos dez tripulantes do Brasil 1, apenas cinco são brasileiros e, por incrível que pareça, essa é a equipe com menos estrangeiros. A tecnologia também é globalizada: 95% dos equipamentos e materiais do barco brazuca são importados de dez países

NO VENTO E NA RAÇA

O barco tem motor e uma pequena reserva de combustível, mas caso ele seja acionado durante as travessias, a equipe é desclassificada. Para evitar trapaças, antes da largada de cada prova, um fiscal lacra o motor e, logo após a chegada, outra vistoria é feita. As velas também têm limite: são 24 para a competição inteira, mas “apenas” 11 são levadas para cada etapa

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VIDA, LOUCA VIDA

A vida no barco não é das mais confortáveis. Para dormir, os tripulantes fazem turnos de três horas, revezando-se nas macas instaladas na cabine. As refeições são estranhas: a comida, desidratada, não tem gosto e a água, dessalinizada, tem. Banho, nem pensar, mas, além do uniforme, cada um pode levar uma malinha com uma camiseta, três roupas de baixo e dois pares de meia

FAZENDO A DIFERENÇA

Para aumentar a competitividade, a organização da prova determina que os barcos tenham as mesmas medidas e materiais. Apesar disso, cada equipe constrói o próprio barco e tenta tirar vantagem dos detalhes. Por exemplo: a regra só controla a área máxima das velas, o que permite variações no formato delas

A UNIÃO FAZ A FORÇA

As tarefas são rigorosamente divididas. Cada um tem um cargo oficial – capitão (que dá a palavra final em tudo) e navegador (que dita o caminho a ser seguido), por exemplo -, além de funções alternativas, como cozinhar e cuidar da saúde dos tripulantes. Quando necessário, alguns assumem até o posto de contrapeso, sentando na borda para evitar que o barco vire

PESO PESADO

Para aproveitar melhor o vento, os barcos sempre tombam para um dos lados. O que garante que eles não capotem é a quilha, que tem um lastro de chumbo (de 4,5 mil quilos) na sua extremidade. Pela primeira vez, os barcos da Volvo Ocean Race usarão uma quilha móvel, que altera o ponto de equilíbrio da embarcação para pegar mais vento nas velas

CASA DOS IATISTAS

Neste ano, a organização da regata encontrou um jeito de colocar o público mais perto dos barcos: toda semana, cada equipe tem que enviar 20 minutos de imagens do dia-a-dia dos iatistas. Na cabine há uma ilha de edição onde um tripulante reúne os melhores momentos das imagens captadas por oito câmeras fixas (há até uma dentro do banheiro) e três portáteis

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A rota

O percurso é dividido em nove “pernas”, como os iatistas costumam chamar as travessias entre duas cidades. Todos pontuam: o primeiro colocado de cada etapa leva 7 pontos e o último, 1. Além disso, há provas locais (que saem e chegam no mesmo porto) e portões de pontuação (pontos no meio do oceano) que garantem pontos extras

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