Foi no século XI, quando o teólogo e musicólogo Guido DArezzo (955-1050) tirou os sete nomes de um hino cantado em latim. Os meninos do coral regido por ele iniciavam os ensaios entoando esse hino composto em louvor a São João Batista. Era uma espécie de oferenda ao santo escolhido como padroeiro do coral para que ele lhes concedesse belas vozes. Cada verso que acompanhava a melodia começava um tom acima do anterior – assim, DArezzo identificou cada som com a primeira sílaba de cada frase (veja à direita).
A tradução desses versos seria algo como: “Para que possam os teus servos exaltar, a largos pulmões, o maravilhoso dos teus milagres, retira-lhes dos lábios a impureza, ó São João.” No século XVII, um influente maestro italiano, João Batista Doni, aproveitou a dificuldade das pessoas em cantar a sílaba UT para sugerir a mudança da primeira nota para DO, não por acaso a inicial do seu sobrenome. A alteração, que só demorou a pegar na França, firmou a versão final da escala Dó-Ré-Mi-Fá-Sol-Lá-Si-Dó, utilizada até hoje em todo o mundo.