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Como funciona uma CPI?

Primeiro, o básico: uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito – é um grupo de vereadores, deputados ou senadores que se reúne para investigar alguma denúncia. Esse tipo de coisa não é exclusividade brasileira: comissões assim também existem nos Estados Unidos, por exemplo. O primeiro passo para uma CPI, você sabe, é quando os parlamentares […]

Por Marina Motomura
Atualizado em 22 fev 2024, 11h16 - Publicado em 18 abr 2011, 18h48
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  • Primeiro, o básico: uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito – é um grupo de vereadores, deputados ou senadores que se reúne para investigar alguma denúncia. Esse tipo de coisa não é exclusividade brasileira: comissões assim também existem nos Estados Unidos, por exemplo. O primeiro passo para uma CPI, você sabe, é quando os parlamentares assinam um pedido para a tal comissão acontecer. Para uma CPI rolar (ou ser “instalada”, como os deputados falam), pelo menos um terço dos parlamentares precisa assinar o pedido. Por exemplo: na CPI mais falada do momento, a que apura denúncias de corrupção nos Correios, 33% dos deputados e senadores autografaram o pedido no mês passado. O passo seguinte é escolher um grupo de parlamentares para conduzir as investigações. No final, o que acontece? Muita gente acha que os parlamentares podem mandar alguém para a cadeia se a CPI o considerar culpado. Não pode, não! O produto final da CPI é um relatório, que vai servir de prova para que os órgãos do poder judiciário – a Polícia Civil, Federal ou o Ministério Público, por exemplo – possam, aí sim, punir os suspeitos. Isso pode dar a impressão de que as CPIs sempre terminam em pizza. Mas não é bem assim. Um estudo da USP que analisou CPIs entre 1946 – o ano da pioneira comissão – e 1999 mostrou que 53% das 303 CPIs instaladas foram concluídas. Uma delas foi fundamental até para derrubar um presidente.

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    Detetives, sim. Juízes, não!
    Parlamentares podem investigar denúncias, mas não podem punir os culpados

    1. Para que uma CPI comece a funcionar, os parlamentares indicam os deputados que vão compor a comissão. Em geral, essa composição reflete a situação do Congresso — o partido que tem mais deputados indica mais nomes. Cerca de 30 parlamentares participam da comissão

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    2. Na primeira reunião da CPI, seus componentes escolhem os dois membros mais importantes: o presidente e o relator do grupo. Em caso de impasse na decisão, vale de novo a “matemática dos deputados”: os dois cargos irão para os partidos que possuírem as maiores bancadas no Congresso

    3. Depois da definição dos postos, é hora de investigar as denúncias. Quem comanda o inquérito é o presidente da CPI. É ele quem convoca os acusados para depor, exige informações sigilosas de contas de telefone e de banco e promove debates cara a cara entre acusadores e acusados

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    4. Durante a fase de investigação — que dura cerca de seis meses —, a CPI acumula uma pilha de provas e documentos. No final, o relator reúne todas essas evidências e escreve as conclusões do processo num relatório, que chega a centenas de páginas

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    5. No fim da CPI, o relatório é votado por todos os membros. No documento, os parlamentares podem recomendar punições, como cassações de mandatos e até prisões. Mas quem decide se as punições serão aplicadas são os órgãos que recebem o relatório, como a Polícia Federal ou o Judiciário

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    Disque-pizza?
    Nem sempre as investigações terminam sem punição

    CPI DO COLLOR (1992)

    O que investigou – Corrupção durante o governo do presidente Fernando Collor

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    Terminou em pizza? – NÃO. O relatório condenava o comportamento de Collor e pedia seu impeachment. A Câmara iniciou o processo de destituição do presidente e ele acabou renunciando

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    CPI DO ORÇAMENTO (1993 a 1994)

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    O que investigou – Deputados que desviavam a grana do orçamento do governo

    Terminou em pizza? – NÃO. Depois das denúncias de corrupção da CPI, um deputado renunciou ao cargo e outros seis foram cassados em processos abertos pelo Congresso

    CPI DO NARCOTRÁFICO (1999 a 2000)

    O que investigou – O tráfico de drogas no país

    Terminou em pizza? – NÃO. Graças às provas da CPI, o ex-deputado Hildebrando Paschoal foi cassado, preso e condenado a 25 anos de prisão. Seus crimes incluem tráfico de drogas, corrupção e assassinato

    CPI DO FUTEBOL (2000 a 2001)

    O que investigou – Diversas falcatruas envolvendo gente do mundo da bola

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    Terminou em pizza? – MAIS OU MENOS. Ninguém foi pro xadrez, mas as denúncias ajudaram a derrubar o técnico Luxemburgo da seleção e a minar o poder do cartola Eurico Miranda

    CPI DO INSS (2002 a 2003)

    O que investigou – Desvio de grana do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por políticos do Rio de Janeiro

    Terminou em pizza? – POR ENQUANTO, SIM. Alguns processos continuam correndo na Justiça, mas até agora nenhum parlamentar foi punido

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    CPI DO BANESTADO (2003 a 2004)

    O que investigou – Envio ilegal de dinheiro para o exterior por meio de agências do antigo banco Banestado

    Terminou em pizza? – POR ENQUANTO, SIM. A investigação continua na Justiça, mas os principais políticos envolvidos ainda não foram punidos

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