A rigor, o papa escolhe o nome que quiser para ser chamado durante seu pontificado – o tempo que ele passará como líder maior da Igreja Católica. Mas, recentemente, a escolha tem sido norteada por dois critérios principais. Primeiro, muitos papas têm homenageado apóstolos de Jesus, usando nomes como João ou Paulo, ou junções, como João Paulo. Mas a escolha também tem a função de indicar a linha da administração do papa. Quando o polonês Karol Wojtyla optou pelo nome João Paulo II, ficou claro que ele queria seguir a condução de seus antecessores, João XXIII, Paulo VI e João Paulo I, que pregavam uma reforma cautelosa na estrutura da Igreja. Mas nem sempre foi assim: na Antiguidade e na Idade Média, os papas costumavam usar seu nome de batismo: Leão, Pio, Silvestre… Isso abriu espaço para uma segunda linha de homenagens, com os novos eleitos escolhendo nomes de antigos papas que tiveram um bom pontificado. A escolha de um nome especial para o papa segue uma tradição iniciada por Jesus. Ao indicar o “primeiro papa”, ele mudou o nome do pescador Simão para Pedro, dizendo que ele seria a pedra sobre a qual se ergueria a Igreja. Depois de Pedro, o próximo papa a trocar de nome foi João II, no ano 533. Ele não quis usar seu nome de batismo, Mercúrio, o deus romano do comércio e dos ladrões, optando por homenagear o papa João I (523-526) e o apóstolo de Jesus.
NOME DE BATISMO – Karol Wojtyla
QUANDO VIVEU – De 1920 a 2005
NOME ESCOLHIDO – João Paulo II
O primeiro papa polonês da história marcou seu pontificado pelo desejo de unificar os cristãos do mundo: visitou 129 países, incluindo nações comunistas e islâmicas. No campo dos costumes, teve um pontificado conservador. Entre outras coisas, manteve a posição da Igreja de proibir o uso da camisinha mesmo durante o auge da epidemia de aids
NOME DE BATISMO – Rodrigo Bórgia
QUANDO VIVEU – De 1430 a 1503
NOME ESCOLHIDO – Alexandre VI
Foi papa numa época em que os nobres aristocratas podiam comprar cargos na Igreja. Seu pontificado foi marcado por escândalos: teve vários filhos, sendo que a Igreja impunha o celibato desde o século 4! Para piorar, chegou a ser acusado de uma relação incestuosa com a filha Lucrécia. Nenhum papa vai escolher homenageá-lo…
NOME DE BATISMO – Simão
QUANDO VIVEU – Século 1 a.C ao ano 67
NOME ESCOLHIDO – Pedro
Fundador da Igreja Católica, Pedro é reconhecido como o primeiro papa. Com a morte de Jesus, pregou pelo Oriente Médio até chegar a Roma, onde fundou uma comunidade cristã. Preso e crucificado pelo imperador Nero, pediu que sua cruz fosse posta de cabeça para baixo, por não se julgar digno de morrer da mesma forma que Jesus
NOME DE BATISMO – Angelo Roncalli
QUANDO VIVEU – De 1881 a 1963
NOME ESCOLHIDO – João XXIII
João é o nome mais comum escolhido pelos papas. João XXIII foi o 21º a homenagear o apóstolo (não houve João XVI nem João XX). Eleito em 1958, ele promoveu uma reforma na Igreja: acabou com as missas em latim, cobrou mais sensibilidade dos padres aos problemas do mundo e foi o primeiro papa a sair do Vaticano em viagem desde 1840
NOME DE BATISMO – Giacomo Della Chiesa
QUANDO VIVEU – 1854 a 1922
NOME ESCOLHIDO – Bento XV
Com um papado em plena Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Bento XV pregou a neutralidade no conflito, organizou missões para socorrer os feridos na batalha e tentou negociar a paz entre os dois lados, mas foi ignorado. O fato de o novo papa Joseph Ratzinger ter escolhido o nome de Bento XVI indica que ele pretende seguir a linha que caracterizou Bento XV: defesa da paz e de um certo conservadorismo no campo dos costumes