Como se forma o mau hálito?
André Luiz,
por e-mail
O mau hálito, ou halitose, costuma ter origem em problemas relacionados à má higiene na boca. Restos de alimentos, escovação ruim, gengivite, cáries, pouca saliva e a saburra (placa bacteriana formada na língua) respondem por 90% dos casos do “bafo de onça”. Aproximadamente 40% da população brasileira apresenta o problema, que também pode ser provocado por maus hábitos alimentares, algumas doenças e até certos medicamentos. “Cerca de 60 fatores podem causar mau hálito. E, em geral, há uma complexa interação entre eles”, afirma o cirurgião-dentista Eduardo Dutra, presidente da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca (ABPO). Aquele bafo ocasional, que acomete todo mundo vez ou outra, tem soluções simples. A primeira providência é caprichar na escovação, lançando mão, por exemplo, do fio dental. Alimentar-se a cada três horas também ajuda, de preferência com alimentos ricos em carboidratos e fibras – como frutas e cereais. Isso porque o jejum faz com que o corpo gaste calorias provenientes da gordura armazenada no organismo. A queima dessas calorias provoca gases malcheirosos que entram na corrente sanguínea e acabam sendo exalados pela boca e pelo nariz. Beber 2 litros de água por dia também colabora no controle. Já o mau hálito crônico, que afeta cerca de 35% da população mundial, é mais grave. “Além de problemas na boca, em cerca de 3% dos casos ele também pode ser causado por doenças, como diabetes, sinusite, problemas intestinais, doenças hepáticas e pulmonares, entre outras”, diz Dutra. Em geral, as pessoas não se tocam que têm um bafão, já que o olfato se adapta rapidamente a qualquer odor constante. A dica é ficar atento a sintomas como gosto alterado, sensação de boca seca e sangramentos na gengiva. Nesses casos, um especialista poderá medir a intensidade do hálito e identificar as causas.
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Bafo de onça
Bactérias, doenças na gengiva, e restos de comida são ingredientes certos para um hálito mortal
Baba, baby, baba
A saliva serve de defesa contra o bafão. Ela têm substâncias bactericidas e ainda arrasta bactérias para o estômago, onde a maioria morre. Quem bebe pouco líquido, vive estressado e tem uma dieta pobre em fibras pode ficar com o estoque de saliva na reserva
Só o fio dental salva
A imensa comunidade de bactérias que vive na boca se farta com os resíduos de comida alojados entre os dentes, uma das causas mais comuns do mau hálito. Para piorar, quando os restos fermentam, o cheiro é quase de esgoto. Por isso, usar fio dental é obrigatório
Exército do mal
Cerca de 300 tipos de bactérias vivem na nossa boca. Nem todas são más. Mas as que são se duplicam enlouquecidamente quando encontram restos de alimento. Esse exército provoca cáries e infecções. O combate é feito com uma higiene bucal adequada
Uma coisa leva a outra
Gengivites (inflamações na gengiva) e doenças periodontais (que afetam, além das gengivas, os ossos e os ligamentos que suportam os dentes na boca) são pólos de mau hálito. Isso porque provocam sangramentos e apodrecimento de tecidos
Ninho de pus
Se a cárie for logo tratada, não tem erro. Mas em estágio avançado é problema, pois pode atingir a polpa dentária, um conjunto de nervos e vasos sanguíneos. Nesse ponto, as bactérias provocam uma inflamação que pode chegar até a raiz, formando um abcesso. Esse pus todo não cheira bem
Tapete podre
A saburra, nome do muco esbranquiçado que se forma sobre a língua, é uma mistura de bactérias, sobras de alimentos, células descamadas, sangue e saliva. Se essa crosta não for eliminada, dá à boca um cheiro podre. Para acabar com a nojeira, é preciso escovar a língua também
Cardápio perigoso
Alguns alimentos ajudam. Outros…
RANGOS DO “BEM”…
Aqueles que contêm fibras ajudam a evitar a halitose. Entre os mais indicados estão a maçã, a cenoura, o pepino e folhas em geral. Como precisam ser bem mastigados, eles estimulam a produção de saliva, que “lava” a região
…E DO “MAL”
Cebola e alho têm substâncias com odores muito fortes que, além de deixarem um mau cheiro na hora, entram na corrente sanguínea, passam pelos pulmões e voltam a sair pela boca mais tarde. Quem tem problemas no fígado deve evitar alimentos com enxofre, como alcachofra, brócolis e ovo