Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Como se identifica uma pintura falsificada?

Com análises visuais, fotográficas e laboratoriais. Detecta-se se estilos, técnicas e materiais são compatíveis com o pintor em questão

Por José Eduardo Coutelle
Atualizado em 22 fev 2024, 10h23 - Publicado em 3 ago 2016, 15h19

ILUSTRA Thales Molina

Com análises visuais, fotográficas e laboratoriais. A pintura é investigada para detectar estilos, técnicas e materiais e checar se são compatíveis com o pintor em questão e com a época em que ele viveu. Também é possível descobrir se a obra foi rasurada, alterada, danificada ou restaurada no passado. O trabalho é importante, porque o mercado de arte tem muitas fraudes: estima-se que 40% de todas as pinturas expostas no mundo sejam falsificações. Há, inclusive, pintores que se especializam em imitar o estilo de artistas consagrados para criar obras novas, dizer que são dos famosos e cobrar uma nota por elas. Um caso que ganhou notoriedade foi a descoberta de que a pintura Madonna of the Veil, atribuída a Botticelli, foi feita na verdade três séculos depois da morte do renascentista.

+ Como Michelangelo pintou o teto da Capela Sistina?

+ Como um quadro é restaurado?

Identificação de uma pintura falsificada_4

1) OLHO NA TELA

Primeiro, é feita uma análise a olho nu. Especialistas com grande conhecimento sobre o artista, conhecidos pelo termo francês connoisseurs, comparam a obra com trabalhos já consagrados. Eles analisam estilo, tema, formato das pinceladas, cores e também o estado de conservação da tela e do suporte de madeira. Van Gogh, por exemplo, se caracterizou por pinceladas curtas, densas e irregulares.

2) LENTE DA VERDADE

Uma análise minuciosa com uma lupa e, se necessário, microscópio, pode revelar se a pintura é uma fraude. Isso porque a ampliação da lente consegue distinguir os antigos pigmentos, que eram moídos à mão (e, por isso, eram mais grossos), dos modernos, produzidos industrialmente e bem mais finos.

3) BATE NA MADEIRA

A dendrocronologia é uma análise da moldura e do suporte. O número de anéis revela a idade da árvore, contando do centro (miolo) até a ponta (casca). A distância entre eles varia conforme a temperatura e a quantidade de água recebida, o que permite saber o local de origem da árvore. Existem várias regiões cujos padrões de anéis já foram tabulados, permitindo verificar se o quadro veio de onde se acredita ter vindo.

Continua após a publicidade

+ As 10 obras de arte mais nojentas do mundo

+ Infográfico: Como foi o roubo ao Masp, em São Paulo, em 2007?

4) SEGREDOS PARTICULARES

O processo mais complexo chama-se espectroscopia de infravermelho. Uma partícula com cerca de 5 mm de diâmetro é retirada da obra e analisada com luz infravermelha. Isso permite identificar a espessura de cada camada. de tinta e de verniz, além dos pigmentos e aglutinantes utilizados. Sabendo quando eles entraram em uso e em quais regiões, pode-se comparar com a datação oficial da obra.

5) FOTOS E FATOS

Fotografando a obra com lentes macro, é possível ampliar detalhes. A iluminação é essencial: luzes rasantes, tangentes à pintura, destacam as irregularidades da superfície,o movimento dos pincéis e o modo de aplicação da tinta. São detalhes que podem ser comparados aos do suposto autor.

Identificação de uma pintura falsificada_3

6) CHAPA QUENTE

Assim como acontece com humanos, também dá para fazer radiografia (tirar raio X) de quadros. No caso, o objetivo é revelar pinturas adjacentes, alterações posteriores e a localização de pregos e massas de restauro. Um tubo emite a radiação, que atravessa a obra até atingir a chapa radiográfica. Nela ficam impressas, em tons de cinza, as partes ocultas.

Continua após a publicidade

7) DARK ROOM

A técnica de fluorescência tem ares de CSI. Iluminada apenas por lâmpadas de luz negra, a pintura é fotografada com ajuda de um filtro ultravioleta. As moléculas da tela começam a vibrar – quanto mais antigas as partículas, mais elas emitem luz. Isso permite visualizar retoques e repinturas.

8) CÓDIGO VERMELHO

Para saber o que há por trás da tinta, a obra é fotografada com um filtro infravermelho acoplado à câmera. Ele torna as camadas externas da pinturamais transparentes e evidencia os compostos que têm maior absorção, como as partículas de carbono, comumente utilizadas para fazer o rascunho. Com isso, dá para ver esboços, grafias e imagens que podem não condizer com o autor creditado. Também dá para usar a luz transversa, emitida pelo lado oposto da tela, que evidencia manchas, marcas e rupturas no suporte.

FONTESArtigos A Dendrocronologia Aplicada às Obras de Arte, de Lilia Esteves, Hieronymus Bosch e As Tentações de Santo Antão, de Sandra Hitner, Aplicação das Técnicas de Espectroscopia FTIR e de Micro Espectroscopia Confocal Raman à Preservação do Patrimônio, de Joana Gonçalves Leite, e Fotografia como Auxiliar de Restauro e Conservação de Pinturas de Cavalete, de Vicente Pagliaro Peixoto de Mel

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.