E se os continentes não tivessem se separado?
Viagens mais rápidas, raças parecidas, menos guerras? Que nada. Se os continentes não tivessem se separado, o homem nem existiria!
ILUSTRA Eduardo Nunes
PERGUNTA Lucca Lima dos Santos, Fortaleza, CE
Viagens mais rápidas, raças parecidas, menos guerras? Nada disso: o homem nem sequer existiria! O planeta já teve sete supercontinentes (vide boxe) e o que se percebe é que essas grandes massas de terra tendem a se situar no Equador. Associado a outros fatores físicos, isso geraria temperaturas elevadas, que impediriam o domínio (e a evolução) dos mamíferos. Quem se daria bem seriam os insetos, répteis e anfíbios. Confira após os links abaixo.
ESSA MATÉRIA INTEGRA A REPORTAGEM DE CAPA “E SE…” CONFIRA AS OUTRAS PARTES:
+ E se a internet parasse de funcionar?
+ E se a Igreja Católica não existisse?
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BRASIL = AFEGANISTÃO
O supercontinente também teria um deserto central e vegetação concentrada no litoral porque as nuvens de chuva vindas do mar não conseguiriam avançar terra adentro. Seria mais ou menos como uma Austrália gigantesca. Na costa, seriam comuns tempestades violentas, furacões e ventos de 400 km/h. A área onde hoje fica o Brasil estaria coladinha na África e ficaria parecida com o Afeganistão.
À DERIVA
Os continentes estão sempre se movimentando, pois as placas tectônicas da crosta terrestre estão sujeitas à movimentação do magma no interior do planeta. Atualmente, eles estão se separando, mas devem se juntar daqui a 250 milhões de anos. Já há até sugestões de nome para essa futura união: Amasia, Pangea Ultima ou Neopangea.
PARQUE DOS DINOSSAUROS
Animais pecilotermos, cujo organismo se adapta à temperatura ambiente, teriam mais facilidade para sobreviver e se desenvolver (não é por acaso que os dinossauros surgiram durante a Pangea). Os insetos também levariam vantagem. E anfíbios gigantes se multiplicariam nas florestas úmidas.
TODO MUNDO IGUAL
A separação de continentes acelera a seleção natural. A ilha de Madagascar, por exemplo, se isolou há 160 milhões de anos e hoje 90% de suas espécies são exclusivas. O mesmo rolou na Austrália, nas ilhas Galápagos e no mar Vermelho. Com menos isolamento, haveria menos diversidade biológica tanto na terra quanto no mar. Com menos variedade de espécies, seria bem mais fácil uma única doença ou tragédia eliminar toda (ou quase toda) a vida no planeta.
QUE MICO!
Grandes massas de terra tendem a se concentrar no Equador, onde faz mais calor. No deserto central, as temperaturas variariam de 60 ºC de dia a -30 ºC à noite! Esse ambiente é inviável para o desenvolvimento de grandes mamíferos. Só nas faixas de floresta haveria algumas espécies – pequenos quadrúpedes e primatas de até 30 cm.
Mar morto
Quanto mais distante do litoral, mais gelado fica o mar. Especialmente nos polos, haveria muito mais icebergs, o que baixaria o nível das águas e aumentaria sua salinidade. O excesso de sal dificultaria a existência de formas de vida marinha – elas tenderiam a se concentrar apenas na faixa mais superficial. Ventos fortes causariam ondas de até 30 m de altura.
JUNTA E SEPARA
Conheça os supercontinentes que já existiram na Terra
Vaalbara: 3,6 a 3,2 bilhões de anos atrás
Ur: 3 bilhões de anos atrás
Columbia: 1,8 bilhão a 1,5 bilhão de anos atrás
Rodinia: 1,1 bilhão a 750 milhões de anos atrás
Panotia: 600 milhões a 540 milhões de anos atrás
Pangea: 280 milhões a 180 milhões de anos atrás
CONSULTORIA Damian Nance, professor de geociências da Universidade de Ohio, Sergei Pisarevsky, geólogo da Universidade de Western Australia e Paul Hoffman, geólogo da Universidade de Harvard