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É verdade que, quando se doa parte do fígado, ele se regenera?

Sim. O fígado é o único órgão do corpo humano capaz de reconstituir até 75% de seus tecidos. O homem já conhece essa impressionante capacidade desde a Antiguidade. A mitologia grega conta que o titã Prometeu foi condenado por Zeus, o deus supremo, a passar a eternidade acorrentado a uma rocha, sofrendo o ataque de […]

Por Rodrigo Rezende
Atualizado em 22 fev 2024, 11h12 - Publicado em 18 abr 2011, 18h49
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    Sim. O fígado é o único órgão do corpo humano capaz de reconstituir até 75% de seus tecidos. O homem já conhece essa impressionante capacidade desde a Antiguidade. A mitologia grega conta que o titã Prometeu foi condenado por Zeus, o deus supremo, a passar a eternidade acorrentado a uma rocha, sofrendo o ataque de um abutre que lhe devorava pedaços do fígado de tempos em tempos. O castigo seria infinito justamente por causa da regeneração do órgão. Apesar de bem criativa, a história soa algo absurda se a gente focalizar os aspectos médicos. Depois de séculos de experiências, os especialistas descobriram que o fígado não consegue se refazer diversas vezes – e, mesmo quando um pedaço do órgão é doado uma única vez, o “renascimento” pode ter alguns problemas. “Quando retiramos parte do fígado, os vasos sanguíneos não se recuperam plenamente e a circulação fica comprometida”, diz o cirurgião Tércio Genzini, do hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, e especialista no assunto. Outro problema é que o tecido regenerado costuma ser fibroso, mais duro que o original. Isso aumenta as chances de o doador ter cirrose hepática, uma doença que pode fazer com que o órgão pare de funcionar, levando à morte. De qualquer forma, o transplante de fígado é o típico caso em que os benefícios compensam os eventuais problemas. “Quando retiramos parte do órgão de um doador vivo e o transferimos ao receptor, o órgão se multiplica nos dois pacientes. Em ambos, a reconstituição dos tecidos é completa, e o risco de vida para o doador é de apenas 1%”, afirma Tércio. Chamado de transplante intervivo, esse tipo de operação está completando 50 anos de história – em 1954, um paciente recebeu um rim novo no pioneiro transplante intervivo em Boston, nos Estados Unidos. Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, 24% dos transplantes realizados no primeiro semestre deste ano no Brasil foram desse tipo. Na ilustração ao lado, a gente dá mais detalhes dos quatro principais órgãos ou tecidos que podem ser transplantados entre duas pessoas vivas: o fígado, o rim, a medula e o sangue. Além deles, parte do pulmão e do pâncreas podem servir para doações de intervivos, mas essas modalidades de transplante são bem mais raras no país

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    Jogo da operação Reunimos as principais partes do corpo que podem ser transplantadas entre pessoas vivas

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    FÍGADO

    TRANSPLANTES EM 2004*: 432

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    PORCENTAGEM COM DOADORES VIVOS: 18%

    RISCO DE REJEIÇÃO: 10%

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    LISTA DE ESPERA: 5 587 pacientes

    SOBREVIDA DO ÓRGÃO: 12 horas fora do corpo

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    O fígado é o único órgão transplantável que se regenera. A possibilidade de se fazer transplante intervivo reduziu drasticamente a mortalidade na lista de espera. As crianças foram as principais beneficiadas: essa técnica representa mais de 50% dos transplantes pediátricos. Em 2003, o fígado ocupou o segundo lugar no ranking de transplante de órgãos, com 792 operações. Na frente dele, só os rins

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    MEDULA

    TRANSPLANTES EM 2004*: 510

    PORCENTAGEM COM DOADORES VIVOS: 100% (52% com células de outras pessoas e 48% com células do próprio indivíduo)

    RISCO DE REJEIÇÃO: Raríssimo (com células do próprio indivíduo) ou menor que 10% (com células de outra pessoa)

    LISTA DE ESPERA: Não há cadastro unificado. O tempo varia dependendo do hospital

    SOBREVIDA DO TECIDO: 10 anos (células congeladas em nitrogênio líquido)

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    A medula, estrutura que fica dentro do osso e produz os componentes do sangue, é o único tecido que pode ser transplantado com células da própria pessoa — em geral, doentes com câncer. Os médicos retiram a medula ou as células do sangue para reaplicá-las depois da quimioterapia. Mas a reincidência da doença é menor nos transplantes com células de outro doador

    SANGUE

    TRANSFUSÕES EM 2004**: 309 mil

    PORCENTAGEM COM DOADORES VIVOS: 100%

    RISCO DE REJEIÇÃO: 1%

    LISTA DE ESPERA: Não há

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    SOBREVIDA DO TECIDO: 35 dias fora do corpo (armazenado a 4 ºC)

    Uma transfusão é um transplante de um tecido líquido, mas ninguém fala em “transplante de sangue” provavelmente porque esse procedimento é muito anterior às outras técnicas — surgiu no século 19, e os médicos preferiram manter o nome “transfusão”. Testes rigorosos com doadores e materiais reduziram muito a transmissão de doenças contagiosas. Nos Estados Unidos, há um caso de contaminação por aids para cada 500 transfusões

    RIM

    TRANSPLANTES EM 2004*: 1 609

    PORCENTAGEM COM DOADORES VIVOS: 46%

    RISCO DE REJEIÇÃO: 20%

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    LISTA DE ESPERA: 30 423 pacientes

    SOBREVIDA DO ÓRGÃO: 36 horas fora do corpo

    O primeiro transplante de rim foi realizado em 1954 entre dois irmãos gêmeos vivos para diminuir a probabilidade de rejeição. O rim é o órgão mais comum em transplantes intervivos, pois não há muita dificuldade de o doador sobreviver com apenas um dos órgãos

    * No Brasil, durante o primeiro semestre deste ano.

    Fonte: Associação Brasileira de Transplantes de Órgão (ABTO)

    ** Transfusões no sistema único de saúde (SUS) no primeiro semestre deste ano.

    Fonte: Ministério da Saúde

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