O mapa-múndi que você conhece distorce (e muito) o tamanho real dos países
Groenlândia maior que o Brasil? Isso é tão século 16...
Preste atenção no mapa abaixo:
Você provavelmente já deve ter se deparado com um mapa do tipo, seja na internet, seja em um livro da escola. Ele é baseado na chamada Projeção de Mercator, criada em 1559 pelo geógrafo Gerhard Kremer (mais conhecido como Gerhard Mercator). Seu trabalho foi revolucionário, já que o modelo que leva seu nome é considerado a primeira representação do mundo com todos os continentes após a expansão marítima europeia.
Só que tem um problema: as áreas de alguns dos países estão distorcidas (e muito!). Nações como a Rússia e o Canadá, por exemplo, estão bem maiores do que realmente são. Duvida? O mapa abaixo, feito por um usuário do Reddit, compara as medidas da Projeção de Mercator com as extensões verdadeiras de cada país:
Por que isso acontece?
Como a Terra é uma esfera, não dá representá-la um mapa plano sem que nenhuma distorção aconteça. No caso de Mercator, a projeção cartográfica é do tipo cilíndrica. É como se o mapa formasse um cilindro envolvendo o globo terrestre.
Esse tipo de projeção conserva os ângulos de cada território e, por isso, é usado até hoje para a navegação marítima, por exemplo. No entanto, na hora de planificar a Terra, as áreas sofrem distorções – especialmente longe da linha do Equador. Nesses mapas, a Groenlândia, região autônoma da Dinamarca, aparenta ter duas vezes o tamanho do Brasil, o que está longe de ser verdade: a ilha possui uma área de 2.1 milhões de km², enquanto o nosso país tem 8.5 milhões de km².
Mas há outras formas de representar nosso planeta. Ainda sobre as projeções cilíndricas, outros geógrafos, como o americano Arthur H. Robinson e o alemão Arno Peters, adaptaram o trabalho de Mercator e criaram suas próprias versões.
No começo do século 20, Peters tentou dar prioridade aos países emergentes, dando mais destaque a eles. Ele acreditava que os mapas são, de um jeito ou de outro, manifestações simbólicas de poder, e que mostrar os países mais ricos com áreas maiores do que a realidade era um problema. Já Robinson suavizou as distorções nos extremos do planeta. Sua versão de mapa, criada nos anos 60, é a mais usada nos atlas atuais.
Mas há outras projeções cônicas, que resultam em um mapa com formato de leque, e a polar (ou azimutal), que dá a visão do planeta “visto de cima”, pelo Polo Norte. Vale dizer que não existe um tipo melhor ou pior que o outro – cada projeção pode ser usada para um objetivo diferente.