O que é a Teoria das Múltiplas Inteligências?
Segundo essa teoria, nosso cérebro pode desenvolver 8 diferentes tipos de potencialidade intelectual - que se desenvolvem de maneira independente
PERGUNTA Victoria Gallagher, São Paulo, SP
Uma das principais regrinhas na psicologia infantil e na orientação escolar é não comparar as crianças entre si. Cada uma tem um ritmo, tem seus pontos fortes e fracos, tem seu jeito de aprender. Mas se é assim… por que as escolas (e o resto do mundo, aliás) insistem em só avaliar a inteligência segundo um único critério? Por que quem tira 10 em matemática é “inteligente”, mas quem demonstra talento na música, não? Por que quem passa no vestibular em física é gênio, mas quem domina uma bola com maestria, não?
Há tempos, porém, a ciência já questiona os métodos mais comuns de avaliar a capacidade humana. Para o psicólogo Howard Gardner, que ficou conhecido como o “pai das Inteligências Múltiplas”, há oito tipos diferentes de brilhantismo – e todos são importantes para uma sociedade sadia.
REDE ELETRÔNICA
A visão tradicional propõe uma inteligência única, chamada por psicólogos de “g”. Desde o século 20, ela é medida com testes de QI (“quociente de inteligência”). Segundo essa lógica, o cérebro seria como um computador, que pode funcionar bem (QI alto), normalmente (médio) ou mal (baixo). Já a Teoria das Inteligências Múltiplas prega que todos temos vários computadores independentes. E o desempenho de um não tem nada a ver com o de outro.
GENES + CRIAÇÃO
Howard Gardner, criador dessa teoria, identifica oito inteligências (confira-as na próxima página). Mas a existência de tantos tipos não garante genialidade para todo mundo. De acordo com Gardner, a inteligência é apenas um potencial biopsicológico: para fazê-la florescer, você precisa de um ambiente estimulante ao longo do seu desenvolvimento. E sua carga genética, recebida dos pais, também é um fator determinante.
CADA UM É CADA UM
Todos os indivíduos possuem todas as oito inteligências, em maior ou menor grau – é isso que nos torna humanos. Porém, nem mesmo gêmeos idênticos têm o mesmo perfil intelectual. Ou seja, ninguém é exatamente igual quando se trata de inteligência. Gardner chegou até a cogitar um nono tipo, o da inteligência existencial, típica dos que refletem sobre grandes questões filosóficas. Mas concluiu que ela não poderia ser considerada única.
TÁ TUDO DOMINADO
Inteligência também é bem diferente de habilidade. Para Gardner, ser bom em jornalismo, direito ou dança, por exemplo, é apenas um sinal de domínio daquela atividade, segundo critérios que dependem mais do consenso social do que do próprio indivíduo. Já a inteligência é um recurso que pode ser usado em vários domínios. Você pode usar a inteligência linguística tanto para escrever um livro quanto para questionar uma política de governo, por exemplo.
Clique aqui para conhecer os 8 tipos de inteligência definidas por Howard Gardner
FONTES Sites American Psychological Association, BBC, Britannica, Edutopia, Howard Gardner, Independent, Multiple Intelligences Research and Consulting Inc., New City School, Planeta Sustentável, Project Zero – Graduate School of Education e Universidade Harvard; livro A Psicologia da Inteligência, de Jean Piaget; e revistas Wellcome, NOVA ESCOLA e SUPERINTERESSANTE
CONSULTORIA Ana Paula Porto Noronha, professora do programa de pós-graduação stricto sensu em psicologia da Universidade São Francisco (SP), José Aparecido da Silva, professor de psicobiologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, e Rogerio Panizzutti, psiquiatra, neurocientista e professor da UFRJ