Foi uma nova estética de cinema criada na França, em 1958, como reação contrária às superproduções hollywoodianas da época, encomendadas pelos grandes estúdios.A contraproposta eram filmes mais pessoais e baratos – o chamado “cinema de autor”. Seus principais representantes eram jovens críticos, reunidos ou inspirados pela revista Cahiers du cinéma (“cadernos de cinema”), criada pelo teórico André Bazin e considerada a bíblia da crítica à sétima arte. Depois de muito resenharem filmes alheios, eles arregaçaram as mangas e fizeram os seus. Em comum, tinham o desejo por autonomia criativa, mas cada um retratou suas próprias questões pessoais e cotidianas.
CINEMA DE AUTORES
Conheça os diretores que mais se consagraram
COMO ERA:
Produções baratas (várias delas, financiadas pelos próprios diretores)
Atores pouco conhecidos
Muitas filmagens nas ruas, em oposição aos estúdios
Tramas com idas e vindas no tempo, rompendo com a narrativa linear tradicional
Liberdade estética: cortes repentinos e a câmera em qualquer ângulo ou posição
Temas cotidianos e tabus
Personagens à margem da sociedade, como criminosos, adúlteros e rebeldes
Roteiro bem livre
O ÍCONE
FRANÇOIS TRUFFAUT (1932-1984)
Principais filmes
Os Incompreendidos (1959), Jules e Jim (1961), O Garoto Selvagem (1970) e O Homem que Amava as Mulheres (1977). Ao lado de Godard, foi o principal nome do movimento. Teve infância conturbada e, na adolescência, foi acolhido por Bazin, que se tornou seu protetor. Aos 25, já tinha visto 3 mil filmes. Logo em seu primeiro longa, Os Incompreendidos, venceu o Festival de Cannes. Em 1974, levou o Oscar de melhor filme estrangeiro por A Noite Americana.
O VETERANO
JEAN-LUC GODARD (1930)
Principais filmes
Uma Mulher É uma Mulher (1961), Alphaville (1965), Acossado (1960), e O Demônio das Onze Horas (1965).
Foi o que mais produziu e inovou. Mas também é considerado umdos responsáveis pelo fim do movimento, após brigar, em 1968, com seu então grande amigo Truffaut. Hoje, é o maior mito vivo do cinema francês – e continua trabalhando. Sua última obra, Filme Socialismo, foi lançadoem 3 de dezembro do ano passado, no seu aniversário de 80 anos.
O SUBSTITUTO
ERIC ROHMER (1920–2010)
Principais filmes
O Signo do Leão (1962), A Colecionadora (1967), O Joelho de Claire (1970) e Pauline na Praia (1983).
Foi o primeiro dos jovens críticos a se tornar diretor editorial da Cahiers du Cinéma após a morte de André Bazin – que morreu jovem, aos 40 anos, em 1958. Seus filmes na Nouvelle Vague não foram grandes sucessos, mas, na década de 70,seu nome foi lembrado e até hoje é um dos membros mais apreciados.
O POLÊMICO
JACQUES RIVETTE (1928)
Principais filmes
A Religiosa (1966), Céline e Julie Vão de Barco (1974) e A Bela Intrigante (1991).
Repercutiu com seu segundo longa, A Religiosa, adaptação de umapeça de Diderot. A história de uma jovem freira perseguida por suas superioras chocou a França e foi censurada em vários países. Nofi nal das contas, ajudou a quebrar alguns tabus da época. Com o fim do movimento, Rivette, como tantos outros, migrou para a TV.
O PIONEIRO
CLAUDE CHABROL (1930-2010)
Principais filmes
Nas Garras do Vício (1958), A Mulher Infiel (1968), O Açougueiro (1970) e Um Assunto de Mulheres (1988).
Financiado por uma herança, foi o primeiro do grupo a rodar um filme, em 1958. Seus primeiros trabalhos têm tom sóbrio e muito suspense.Na década de 60, sua produção fi cou um pouco parada, até voltar à ativa, com vários sucessos após as revoltas estudantis de maio de 1968, que marcaram a França. Em meados dos anos 70, foi para a TV.
…E COMO FICOU:
Cinema Novo: de onde você acha que veio o famoso lema de produção “uma câmera na mão, uma ideia na cabeça”?
Martin Scorsese, Francis Ford Copolla e George Lucas, entre outros: a geração dos anos 60 e 70 consolidou o cinema independente americano
Quentin Tarantino: sua produtora se chama A Band Apart, um filme de Godard. O diálogo entre alta e baixa cultura em Pulp Fiction vem de Acossado, também de Godard.