O que foi o estupro de Nanquim?
Foi um episódio de assassinato em massa cometido pelos japoneses contra os chineses em 1937 e 1938.
ilustra Marcus Penna
Foi um episódio de assassinato em massa cometido pelos japoneses contra os chineses em 1937 e 1938. O evento é considerado o mais traumático da Segunda Guerra Sino-Japonesa, travada entre o poderoso e expansionista Império do Japão e a pobre e frágil China. O massacre durou seis semanas e começou quando os japoneses desembarcaram em Nanquim, que era a capital chinesa na época. Cerca de 260 mil pessoas morreram. Vinte mil mulheres foram estupradas e mortas, incluindo meninas com menos de dez anos. Até hoje, o evento é traumático para chineses e polêmico para japoneses, que diminuem a dimensão das atrocidades e não reconhecem a maioria dos crimes cometidos.
Terror japonês
A cidade natal da tinta nanquim presenciou uma das maiores tragédias do século 20
CONTEXTO ARRASADO
A China estava em guerra civil desde 1926, entre nacionalistas e comunistas (liderados por Mao Tsé-Tung). Por ser um país enfraquecido, algumas regiões eram controladas por potências estrangeiras. O Japão dominava a Manchúria e avançou sobre o território chinês quando viu que os nacionalistas estavam se preparando para confrontá-lo
É GUERRA!
Em 1937, os japoneses atacaram a costa da China. Conquistaram Xangai após quatro meses de luta, que deixaram 250 mil baixas chinesas contra 40 mil japonesas. Os chineses fugiram para Nanquim, destruindo campos de arroz e tudo que pudesse ajudar as tropas japonesas
NO SUFOCO
O Japão cercou a capital, e em 5 de dezembro entrou na cidade. O general Tang Shengzhi, comandante das tropas chinesas em Nanquim, recrutou 100 mil soldados na cidade para tentar conter o avanço nipônico. Após violentos embates, os japoneses derrubaram as defesas da capital, em oito dias de luta
O INÍCIO DO MASSACRE
O general japonês Asaka Yasuhiko ordenou a execução de todos os prisioneiros de guerra. Separaram civis, militares, homens e mulheres. Torturaram, enforcaram e fuzilaram os soldados. Massacraram os civis na rua. Alguns se refugiaram em templos, mas foram pegos mesmo assim
SILÊNCIO NA PEDREIRA
Os japoneses conduziram os cidadãos a uma cratera em uma pedreira. Enfileiraram todos e abriram fogo. Muitos caíram ainda vivos, e os soldados procuraram sobreviventes para executá-los. Hoje, no local, existe um memorial em homenagem às vítimas do massacre
OLIMPÍADAS DE INFERNO
O horror piorou sob o comando do general Iwane Matsui. Decapitação virou um esporte. Via-se quem era mais rápido e mais preciso no corte. Contavam quem matava mais bebês e arrancava mais fetos da barriga das mães. Penduravam cabeças para não perder a conta e davam os corpos a cães vira-latas, mais famintos do que nunca naquele momento. Para completar, praticaram vivissecção, ou seja, dissecar a pessoa ainda viva
ESTUPRA E MATA
Mas o pior estava guardado para as mulheres. Arrastaram mães, solteiras e adolescentes para caminhões para transformá-las em escravas sexuais. Muitas delas, que os japoneses chamavam de “mulheres de conforto”, foram exportadas como escravas para os 2 mil bordéis militares que o Japão havia espalhado pelo continente asiático
CIDADE EM RUÍNAS
Em dois meses, poucos restaram de pé. Os japoneses ainda espancaram, afogaram, queimaram e fuzilaram os cidadãos. Enterraram crianças vivas. Observadores internacionais falavam de pilhas de cabeças e corpos espalhados na rua. Entre as milhares de mulheres estupradas, muitas foram violadas por grupos, mutiladas, mortas e largadas à vista, para aterrorizar quem ainda estava vivo
MAIS GUERRA
O governo chinês continuou fugindo até a derrota final, em 1938. O Japão dividiu a China em estados fantoches e manteve a política expansionista. Tentou invadir a Rússia, sem sucesso, tomou Hong Kong e Xangai e atacou a base de Pearl Harbor, levando o país – e os Estados Unidos – à 2ª Guerra Mundial
UMA ÚLTIMA CURIOSIDADE –A violência foi tanta que até os nazistas pediram para os japoneses segurarem a onda!
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FONTES Livros The Search For Modern China, de Jonathan D. Spence, Dictionary of Genocide, de Paul R. Bartrop e Samuel Totten e The Making of “The Rape of Nanking”, de Takashi Yoshida