Não necessariamente. Há outros fatores que, somados, ajudam a medir a inteligência. Afinal, se fosse assim, no lugar do repórter, esta matéria estaria sendo escrita por uma baleia- azul, com seus 10 kg de cérebro, o maior do reino animal. Um dos fatores para definir o grau de inteligência é aproporção do cérebro em relação ao corpo. Mas esse cálculo não explica tudo (por ele, estaríamos empatados com os ratos, com 2%). No caso dos mamíferos, outra questão é a área ocupada pelo neocórtex, a parte exterior do cérebro, que dá o aspecto enrugado a ele. Quanto mais rugas,aliás, maior a capacidade de processamento no cérebro. Os ratinhos, por exemplo, têm o cérebro quase liso. Já aves, répteis e alguns insetos, como a abelha, possuem algumas estruturas de funcionamento semelhantes ao neocórtex, porém menos complexas.
– O cérebro humano pesa, em média, 1,5 kg. Em um homem de 80 kg, dá quase 2%.
– Acomplexidade do cérebro cresce conforme as dificuldades dos animais na evolução. O dos humanos aumentou à medida que passamos a viver em sociedade.
CURRÍCULO ANIMAL
Confira as habilidadesde alguns bichos e o tamanho proporcional de seus cérebros em relação à sua massa corpórea
Executiva
Proporção: 15,6%
Além de viver na complexa estruturahierárquica das colmeias, a abelha (que pesa 0,083 g e tem 0,013 g só de cérebro) consegue perceber as consequências de suas ações e focá-las para atingir determinado resultado (qualidade usada por apicultorespara aumentar a produtividade)
Pai de Família
Proporção: 4%
O beija-flor-do-pescoço-vermelhocorteja as suas parceiras, cria a prole e migra sazonalmente para lugares distantes. Com 1 g de cérebro e 25 g de peso total, também é capazde trabalhar bem com padrões, o que o ajuda a identificar quais são as flores mais ricas em pólen
“Tô Lindo”
Proporção: 1%
500 g é quanto pesa o cerébrodo chimpanzé, que tem em média 50 kg. Assim como os grandes primatas, ele consegue se reconhecer diante de um espelho. Também consegue analisar o que os outros de seu grupo estão pensando e tem sentimentos como inveja, raiva e vergonha
Golfinhês
Proporção: 0,94%
O golfinho tem praticamente umalíngua própria, com gestos e sinais corporais. Com 1,6 kg de cérebro em 170 kg, leva uma vida sexual agitada, que usa como meiode socialização – o que para nós pareceria um estupro não passa de um “abraço apertado” dele
Psicólogo
Proporção: 0,7%
Sempre com humanos, o cachorroreconhece nossas expressões e até nosso olhar. Graças a seu cérebro de 70 g (em 10 kg de peso total), faz associações com facilidade.Os cães policiais, por exemplo, farejam drogas porque sabem que ganharão uma recompensa depois
Temperamental
Proporcão: 0,5%
O gato aprende rápido a nosmanipular, após milênios vivendo com os homens. O bichano pode, por exemplo, produzir miados em tons específicos para “dizer” o que quer ou interpretar ordens e decidir não obedecê-las. Ele pesa, em média, 7 kg, e o cérebro, 35 g
Sensível
Proporção: 0,15%
O elefante-africano organiza suaaldeia quase como uma “cidade”, com grupos definidos e postos de liderança. O animal, de 5 toneladas e 7,5 kg de cérebro, fica de luto quando um ente querido morre. Há casos de elefantinhos órfãos que passam anos em depressão #quedó
NA LANTERNA
Os bichos menos cerebrais do reino animal
Que vidão!
Proporção: 0,017%
O hipopótamo não chega a serum goiabão completo. O bicho de 3 toneladas, aproveita seu minicérebro (500 g) para planejar a preguiça, como esticar os pés para serem massageados pelos peixes
Tamanho GG
Proporção: 0,005%
A baleia-azul tem 200 toneladas,mas seu cérebro pesa só 10 kg. Apesar de ter uma boa comunicação, ela não é das criaturas mais espertas, já que o controle do seu tamanho colossal exige muita capacidade do cérebro
Cabeça Oca
Proporção: –
A barata nem cérebro tem! No lugar,possui o céfalotorax, um órgão que atravessa seu corpo e só serve mesmo para mantê-la viva. Talvez isso explique aquela história de sobreviver sem a cabeça…
FONTES Benito Damasceno, professor da Unicamp; livros A Evolução do Cérebro, de Paulo Dalgalorrondo, Beautiful Minds: The Parallel Lives of Great Apes and Dolphins, de Maddalena Bearzi, e A Cabeça do Cachorro, de Alexandra Horovitz