Os sentidos funcionam enquanto dormimos?
Sim, todos eles – e muito bem, diga-se de passagem. “Antigamente, a crença era que os sentidos se desligavam enquanto dormíamos. Mas testes recentes indicam que as regiões do sistema nervoso central responsáveis pelo tato, visão, olfato, audição e paladar recebem estímulos nervosos normalmente”, afirma o neurologista Sérgio Tufik, da Unifesp. Acontece que, durante o […]
Sim, todos eles – e muito bem, diga-se de passagem. “Antigamente, a crença era que os sentidos se desligavam enquanto dormíamos. Mas testes recentes indicam que as regiões do sistema nervoso central responsáveis pelo tato, visão, olfato, audição e paladar recebem estímulos nervosos normalmente”, afirma o neurologista Sérgio Tufik, da Unifesp. Acontece que, durante o sono, as áreas do cérebro que interpretam as informações do mundo exterior ficam menos receptivas. Por causa disso, as reações do dorminhoco são bem mais reduzidas. “A pessoa sente tudo, mas, como está em um estado de consciência diferente, suas respostas aos estímulos serão menores”, diz Sérgio. Durante uma soneca, o nível de alerta do organismo varia em cada um dos ciclos do sono. Conforme o tempo passa, as ondas cerebrais se tornam progressivamente mais lentas e fica mais difícil acordar. Na fase de sono profundo ocorre o chamado sono REM (sigla em inglês para “movimento rápido dos olhos”).
Nesse estágio, que dura meia hora e se repete até cinco vezes por noite, os músculos estão completamente relaxados e o corpo está pronto para sonhar. O curioso é que durante o sono REM qualquer estímulo aos sentidos pode transformar o sonho. Uma borrifada de água pode trazer pesadelos com uma tempestade, por exemplo. “Mas como estamos em um outro grau de consciência não lembramos do que ocorre, a não ser que despertemos. Eu mesmo já atendi o telefone enquanto dormia. Pela manhã, podia jurar que nem tinha falado”, diz Sérgio. O mesmo vale para os sonâmbulos, capazes de proezas como abrir os olhos, bater um papo-cabeça e até fazer uma boquinha na geladeira enquanto dormem. Mas, no dia seguinte, não se lembram de nada. Nessa situação, todos os sentidos estão ativos, mas em outro mundo que não o dos acordados.
Estímulos externos podem acordar as pessoas e mudar o rumo dos sonhos
VISÃO
Apesar de as pálpebras estarem fechadas, um estímulo visual muito intenso, como um flash de máquina fotográfica, pode despertar o dorminhoco. Se ele não acordar, pode ser que sonhe com o Sol ou alguma situação em que haja luminosidade intensa
AUDIÇÃO
Podemos ouvir tudo ao redor, mas o barulho se torna o que os médicos chamam de ruído branco – ou seja, um som neutro que não atrapalha o sono. Quando alguém adormece em ambiente barulhento, com a TV ligada, por exemplo, ocorre o contrário: se acabar o ruído, a pessoa pode despertar
OLFATO
Não existem muitos estudos sobre o papel do olfato durante o sono, mas sabe-se que a região do sistema nervoso central responsável por ele é estimulada quando algum cheiro mais forte é exalado. Mas é difícil chegar ao ponto de despertar uma pessoa
PALADAR
Se um alimento amargo for colocado na boca do dorminhoco, o gosto ruim desencadeará um reflexo que o fará expelir aquilo. Como o paladar continua recebendo estímulos, a pessoa pode até sonhar que está comendo algo ruim
TATO
Sempre alerta aos estímulos externos, o tato é considerado o sentido que permanece mais ativo. Quando alguém dorme em cima de um objeto, por exemplo, a dor percebida pode interferir na qualidade do descanso. A pessoa pode até continuar dormindo, mas a soneca será ruim