Por que órgãos de porcos e não de macacos são testados para transplantes em seres humanos?
Parece esquisito, mas isso ocorre porque há bastante semelhança física entre suínos e seres humanos. “Anatomicamente, órgãos como o fígado, o coração e o rim do porco são muito parecidos com os nossos”, diz o cirurgião hepático Sérgio Mies, da Universidade de São Paulo (USP) e do hospital Albert Einstein, em São Paulo. Outra vantagem é que os porcos chegam à fase adulta muito mais rápido que os macacos. Com apenas 1 ano, um porco já tem entre 60 e 80 quilos e pode ser doador, enquanto gorilas, que têm órgãos com um tamanho próximo ao do ser humano, só atingem a maturidade aos 7 anos – sem contar que boa parte dos primatas está em risco de extinção. Até hoje, ainda não aconteceu nenhum transplante de órgãos de animais para o homem. Mas desde 1996 a Food and Drug Administration (FDA), a agência que regula medicamentos nos Estados Unidos, autorizou as pesquisas sobre esse procedimento. “Até agora, o maior obstáculo é o medo de que o transplante de órgãos de uma espécie para outra possa propagar doenças mortais. Imagina-se que a aids tenha chegado ao homem por meio de macacos. Por isso, é importante investigar qualquer transmissão impensada antes de prosseguir com as pesquisas”, diz o cirurgião geral Paulo Massarollo, também da USP.
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